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Marques Mendes e os nomes falados para liderar o PSD, um a um

O antigo líder do PSD foi também claro quando falou sobre se a sua candidatura chegou a estar em cima da mesa: “essa questão não existiu, não existe e não existirá, nem agora nem nunca.

Marques Mendes e os nomes falados para liderar o PSD, um a um
Notícias ao Minuto

23:10 - 08/10/17 por Pedro Filipe Pina

Política Marques Mendes

Estas foram "mais umas eleições autárquicas com impacto brutal a nível nacional", afirmou Marques Mendes no lançamento do seu comentário semanal, na antena da SIC Notícias.

Uma semana após as autárquicas que ditaram a saída de Passos Coelho da liderança do PSD, Marques Mendes recordou eleições autárquicas anteriores que trouxeram mudanças ao panorama político nacional, nomeadamente "o fim da Aliança Democrática de Francisco Pinto Balsemão" e "a 'queda' de António Guterres", que se afastou numa altura em que era primeiro-ministro.

Sobre "a mudança de liderança que ninguém imaginava no PSD", diz o antigo líder do PSD que os dois exemplos "antes foram cartões vermelhos a governos e agora é um cartão vermelho para a oposição".

Sobre a saída de Passos Coelho, diz ainda Marques Mendes que este "não tinha condições para se manter no cargo" e que "tomou a decisão certa", uma decisão que considera ter sido igualmente "digna".

"Passos Coelho não foi um bom líder da oposição, e por isso o critiquei várias vezes, mas acho que foi um bom primeiro-ministro num tempo dificílimo". Houve "erros e exageros mas cumpriu uma missão histórica", afirmou.

O comentador político debruçou-se de seguida sobre os nomes que foram avançados esta semana como possíveis candidatos sociais-democratas, avançando desde logo com uma ideia: "A sucessão está cheia de episódios".

Sucessão no PSD

"Esta situação em que uns desistem, outros vão refletir, outros avançam, isto tem algumas semelhanças com o período de 2001, quando António Guterres saiu". Na altura, as dúvidas foram em torno da liderança socialista, agora são em torno da liderança social-democrata.

"Paulo Rangel é, na minha opinião, um dos dirigentes do PSD com pensamento político mais bem articulado, e tinha aqui uma oportunidade". Porém, "invocou razões pessoais e razões pessoais não se discutem, respeitam-se, ponto final".

Luís Montenegro, "pelo comunicado que fez, são razões mais políticas e menos pessoais". "Não quero ir agora, reservo-me para mais tarde", explicou Marques Mendes assumindo a título de exemplo a voz do antigo líder da bancada 'laranja'. Se esta decisão é "a certa ou um erro histórico, só o tempo o dirá", acrescentou.

Montenegro, elaborou Marques Mendes, "não o diz" mas por trás da decisão "há uma ideia: a de que o líder do PSD que for escolhido agora será de transição, é um líder para 'queimar', e depois virá um líder definitivo". Marques Mendes, porém, ressalvou que tal pode verificar-se ou não.

Para Marques Mendes, é possível que a próxima liderança social-democrata não seja mesmo de transição. "E porquê? Porque se o líder que venha agora a ser eleito ganhar eleições legislativas, obviamente que é um líder definitivo. Mas se, mesmo não ganhando, evitar a maioria absoluta de António Costa, o que é uma grande tentação do PS, acho que também não é um líder de transição. Ninguém vai correr com ele, "até porque se António Costa "não tiver maioria absoluta vai-se ver grego para governar e para fazer outra 'geringonça'".

Sobre Rui Rio, o único candidato que parece certo neste momento, diz Marques Mendes que "é a candidatura mais esperada de todas, porque na prática está a ser preparada há um ano. É um segredo que não é segredo nenhum".

"Rui Rio tem algumas vantagens inequívocas", considerou, especificando de seguida: "a imagem de prestígio que adquiriu em 12 anos" como autarca no Porto e "sobretudo" o facto de "não ter estado ligado aos últimos seis anos do PSD".

Rui Rio teria também "dificuldades" pela frente, como "o esforço de agregação" que o esperaria no próprio partido, mas também questões relacionadas com a sua linha de pensamento, nomeadamente "o que pensa em matéria de comunicação social, de sistema de Justiça ou regionalização, que ele é a favor da regionalização, são ideias que, se não as moderar, lhe podem criar sérios problemas".

De resto, "tem também boas relações com António Costa. Não vem mal ao mundo [por isso] mas se ele não desfizer a ideia de bloco central, cria-se a ideia de que é um homem de governo de bloco central", o que o prejudicaria.

Quanto a Santana Lopes, que admitiu estar a ponderar a candidatura, Marques Mendes diz que o que "apurou" é que "Santana Lopes está inclinado a avançar. Numa escala de zero a cem", estaria nos 70%, especificou, acrescentando que a decisão deverá ser tomada já no início desta semana que agora se inicia.

"Se ele avançar, há uma coisa que não deve deixar de ser reconhecida: é um ato de coragem”. Para além do mais, "ele já nos habituou a atos de ousadia", atirou.

Marques Mendes falou ainda de Miguel Pinto Luz, "jovem vice-presidente de Cascais, que o país ainda pouco conhece" mas que acha que "no futuro o vai conhecer e por boas razões, porque é um político jovem e com talento".

No caso de Miguel Pinto Luz, o comentador acredita que se pode candidatar agora "sobretudo numa forma de marcar presença" e apresentar propostas para o futuro.

Já sobre ele próprio Marques Mendes foi taxativo: "essa questão não existiu, não existe e não existirá, nem agora nem nunca. Nem ponderei, nem refleti, nem por um minuto sequer. Por uma razão muito simples: dou muito valor à minha própria palavra. Há dez anos que estou fora da vida política e sempre disse que não tenciono regressar".

Em jeito de conclusão, disse ainda que, "seja com quem for, não é preciso apenas mudar de líder".

"Acho que a estratégia tem que mudar nalguns pontos essenciais", afirmou, nomeadamente: recentrar o PSD para o tornar "num partido mais ao centro. É um disparate monumental deixar o centro exclusivamente para PS, é aí que se ganham eleições. Segundo, dotar o PSD de outra sensibilidade social, um dos maiores défices dos últimos anos, no Governo e na oposição". Finalmente, "que o partido se torne mais atrativo e competitivo, quer no discurso, quer nas causas e protagonistas, e na ligação à sociedade civil".

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