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"O PSD vai perceber que o que fizemos em Loures é o caminho a seguir"

Naquela que é a sua última entrevista enquanto candidato à Câmara Municipal de Loures, André Ventura diz ao Notícias ao Minuto como correu a campanha eleitoral e quais os resultados que espera alcançar.

"O PSD vai perceber que o que fizemos em Loures é o caminho a seguir"
Notícias ao Minuto

12:48 - 29/09/17 por Patrícia Martins Carvalho

Política André Ventura

No último dia campanha eleitoral para as eleições autárquicas que se realizam já no próximo domingo, dia 1 de outubro, André Ventura mostra-se satisfeito com o caminho que tem trilhado junto dos eleitores lourenses.

Embora descreva a campanha como “bipolar”, com pessoas que o apoiam e outras que o insultam, o polémico candidato do PSD faz saber que está na posse de uma sondagem que o coloca, a par com a candidata do PS, numa posição de vitória.

Mas mesmo que não seja eleito presidente da autarquia lourense, o professor de Direito garante que a sua maior vitória é levar os eleitores às urnas, combatendo os elevados números da abstenção que é, neste momento e de acordo com as sondagens até agora realizadas, a sua maior inimiga e aquela que poderá ditar o seu futuro depois do sufrágio.

Como é que tem corrido a campanha eleitoral?

Tem corrido bastante bem, mas tem sido uma campanha com alguma bipolaridade. Somos muito bem recebidos, mas às vezes também somos recebidos com alguma agressividade. No fundo, foi uma campanha que não deixou os lourenses indiferentes.

Essa agressividade parte de que franja da população de Loures?

Há dois tipos de anticorpos nesta campanha: uma pequena parte prende-se com questões futebolísticas e uma grande maioria vem da comunidade cigana que se sentiu visada e tem reagido. Nós ouvimos o que dizem, as insinuações, os insultos, mas não temos reagido, nem queremos reagir. Enfim, é a democracia a funcionar.

Houve alguma coisa que tivesse ficado por fazer nesta campanha?

Gostava de ter tido mais tempo para percorrer as várias zonas do concelho, em especial aquelas onde há maior pobreza, tensão social e desemprego. Em todos os locais a que fomos as pessoas queriam falar comigo, dar-me apoio, dizerem-me quais os problemas dos locais onde vivem e isso levou a que em cada ação de campanha demorássemos muito tempo mas percorrêssemos pouco espaço físico.

Se a abstenção descer significativamente estou convencido de que será para votar em mim e aí pode haver um resultado diferenteEstá confiante na vitória?

Estou. Como sabe o PSD nunca venceu em Loures. Evidentemente, esta campanha foi diferente, com temas diferentes, com um mediatismo também diferente e isso pode baralhar muito o cenário sobretudo na abstenção. Honestamente, se os níveis de abstenção se mantiverem tal como têm estado, estou convencido de que, apesar de fazer um bom resultado, não vencerei. Se a abstenção descer significativamente estou convencido de que será para votar em mim e aí pode haver um resultado diferente. Vai depender muito da abstenção. Apesar de termos um grande apoio na rua, a verdade é que nem sempre esse apoio se traduz em votos.

As sondagens que têm vindo a público não lhe dão a vitória…

Nós temos números nossos que nos indicam que estamos com possibilidade de ganhar, mas em empate técnico com o PS. Estamos numa situação muito boa. Aliás, todos os números que temos indicam um nível de abstenção que supera os 50%. Mais de metade do eleitorado não vai votar e, se for mesmo assim, então acredito que não ganhamos. Se houver uma baixa na abstenção, então acredito que é possível. Vai depender muito da abstenção.

A percentagem de eleitores que em Loures vota PSD costuma ser baixa. Acha que desta vez vai ser diferente?

Desde 1989 que os números têm sido 15-16% numa tendência pequena de descida. Acredito que vou inverter essa tendência, vamos superar significativamente esse valor e entrar, pela primeira vez em muitas décadas, numa tendência de subida. E espero que o PSD olhe para isso e que perceba porque é que essa tendência de subida se verificou e porque é que Loures, ganhemos ou não, provavelmente vai ser o único concelho da área metropolitana de Lisboa em que o PSD sobe – isto se se verificarem os números da sondagem.

Dia 2 de outubro uma parte significativa do PSD vai perceber que este caminho que fizemos aqui em Loures é o caminho a seguir a nível nacional.Que 'lição' deve o PSD tirar desses números?

Espero que o PSD olhe para isso e perceba o que é que tem de mudar do ponto de vista do discurso, do combate de ideias, da forma como fazemos política para as pessoas. Estou convencido de que no dia 2 de outubro uma parte significativa do PSD vai perceber que este caminho que fizemos aqui em Loures é o caminho a seguir a nível nacional.

Como tem visto a campanha dos seus adversários?

A campanha dos meus adversários é, no fundo, uma campanha contra mim. O doutor Bernardino Soares, quando ainda em junho começou a surgir toda esta questão das etnias e da insegurança em Loures, tentou ficar calado para ver se isto passava, porque achava que ia ter maioria absoluta. Como agora viu que em nenhum estudo de opinião tem maioria absoluta decidiu atacar porque percebeu que o nosso crescimento se deve à abstenção, mas também ao eleitorado dele de 2013 e então começou a fazer campanha contra mim. As intervenções dele não são a defender ideias, são contra mim.

E a campanha do Partido Socialista?

A campanha do PS é exatamente a mesma coisa. Quando a candidata do PS foi apresentada, António Costa nem sequer veio a Loures. Quando foi para me atacar a mim e ao doutor Pedro Passos Coelho, António Costa não hesitou em vir a Loures.

E os restantes partidos?

O CDS decidiu, à última hora, arranjar um candidato que não faz ideia em que concelho está a concorrer, mas acho que não vai interferir no resultado eleitoral. E mais do que todos, a única campanha que o Bloco de Esquerda fez foi contra mim e contra as minhas ideias. Já propôs geringonças à esquerda, já propôs acordos de governo numa tentativa desesperada de eleger um vereador o que, muito provavelmente, não irá acontecer. A única coisa que eu lamento é que muito poucas ideias para os lourenses tenham sido apresentadas.

Porquê concentrarem-se num ataque à sua candidatura?

Atacar-me é a melhor forma de não se falar no caos em que o PS deixou câmara, com um passivo maior do que o próprio orçamento da câmara. E é também uma forma de não se falar na gestão da CDU que não é como tem sido dito. Esta gestão é tudo menos transparente e tudo menos ética.

Se vencer qual é a primeira medida que quer tomar?

A primeira medida a tomar é acabar com o estacionamento pago em Loures. A segunda é iniciar os procedimentos para que em cada uma destas zonas problemáticas de Loures, se não houver novos meios policiais, que se abra uma esquadra de polícia municipal. Chamem-nos racistas, xenófobos, mas nas zonas consideradas problemáticas do ponto de vista de ocorrência de crimes – e Loures tem dois dos bairros mais perigosos do país - vamos colocar uma esquadra nestas zonas. Porque não vamos trazer nem famílias nem investimento para Loures se a 1 km houver tiroteios, assaltos à luz do dia e verdadeiros guetos que subsistam.

Segurança e depois investimento?

Nós não conseguimos ter investimento se primeiro não tivermos segurança. Claro que a par com o que prometemos vamos acabar com esta impunidade, quer da comunidade cigana, quer de outras comunidades em relação à habitação social, aos pagamentos nos transportes e rendas. Temos que acabar com tudo o que seja guetos. Se for preciso mandamos bairros abaixo e construímos outra vez. E temos que acabar com a situação de injustiça social de pessoas que não pagam nada, têm grandes carros à porta e ainda gozam connosco.

A minha maior vitória nem é ganhar, nem é ter 25 ou 26%, é que as pessoas de Loures vão votarTem noção do mediatismo que a campanha em Loures está a ter, ao contrário do que tem acontecido em eleições anteriores?  

Não é por mim, é pelas ideias. Por isso é que eu disse que espero que o PSD, e todos os partidos a nível nacional, olhem para Loures e percebam que este é o caminho a seguir, este é o combate de ideias. As pessoas apreciam porque sentem que estamos ao lado delas, não nos vergamos ao politicamente correto, ao pensamento dominante. Há quem goste, há quem não goste, mas isso é que é a democracia. Por isso é que a minha maior vitória nem é ganhar, nem é ter 25 ou 26%, é que as pessoas de Loures vão votar e digam se concordam ou se não concordam, mas que se vão expressar. Não há ninguém em Loures, ao contrário dos outros anos, que não saiba quem são os candidatos, que não saiba quais são as propostas e isto é que é a vitória da democracia.

Acredita que esta discussão das injustiças sociais se vai alargar ao resto do país?

Acho que em breve havemos de ter uma candidatura à Presidência da República que seja capaz de trazer estas questões para a discussão nacional. A adesão que houve a estas questões que nós levantámos merece que em breve haja uma candidatura nacional a falar destas questões.

Será o André Ventura esse candidato?

Atenção, não estou a dizer que sou eu!

E há algum possível candidato que veja a fazer campanha com estes temas?

Não estou a ver agora, mas tenho a certeza que depois desta campanha e dos resultados estes temas não vão sair mais da agenda nacional e têm que ser discutidos a nível nacional. É preciso que alguém leve estas questões para a discussão nacional.

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