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Arrufo entre Moreira e Pizarro e caso Selminho dominaram debate do Porto

O fim do acordo entre Rui Moreira e o PS foi um dos temas que marcou o debate, com PSD, CDU e Bloco a apontarem várias falhas aos quatro anos de mandato de Rui Moreira e ao trabalho desenvolvido por Manuel Pizarro nesse executivo camarário. Caso Selminho voltou a estar em destaque.

Arrufo entre Moreira e Pizarro e caso Selminho dominaram debate do Porto
Notícias ao Minuto

21:44 - 05/09/17 por Notícias Ao Minuto

Política Autárquicas

O início do primeiro debate das autárquicas no Porto que contou com a presença de todos os candidatos, ficou marcado pelo fim do acordo entre Rui Moreira e o PS e que levou os socialistas a concorrerem ao município portuense com Manuel Pizarro. 

Manuel Pizarro disse que o "acordo foi rompido por razões que considero menores" e que o "acordo funcionou bem até que Rui Moreira ou a sua comissão política entenderam descartar o apoio do PS".

E aproveitou para lançar uma farpa a Rui Moreira ao dizer que colocou "o Porto e os portuenses sempre acima de tudo".

Rui Moreira recusou ter sido "desleal" e afirmou que a liderança do PS "em Lisboa resolve que vai começar a nomear lugares. Essa não é a minha forma de trabalhar". 

Mas admitiu que vai sentir falta da parceria que tinha com o seu atual adversário Manuel Pizarro, que considera que seria "essencial" para o próximo mandato.

O desentendimento entre Rui Moreira e o PS/Manuel Pizarro motivou críticas dos restantes candidatos. Álvaro Almeida, que foi escolhido pelo PSD, afirmou que isto não passa de "um arrufo de namorados, houve um mal-entendido. Não tem nada que ver com as questões de política da cidade". Já João Teixeira Lopes, candidato do BE, considerou que esta "questão não interessa nada aos portuenses" e que no que realmente importa, no programa eleitoral, Rui Moreira e Manuel Pizarro "estão de acordo".

À semelhança do que já tinha acontecido no debate da semana passada, então sem a presença de Rui Moreira, o caso Selminho voltou a ser um dos pontos mais quentes da discussão. Ilda Figueiredo, a concorrente da CDU, afirmou que o parecer do Ministério Público à queixa feita pelo seu partido confirmou que Rui Moreira "fez o que não devia ter feito". Já João Teixeira Lopes estranha que o caso Selminho tenha ficado "parado 15 anos. O Rui Moreira é eleito e um mês depois passa uma procuração a advogados da Câmara Municipal para negociarem com a Selminho. Vai acabar por conceder à Selminho uma capacidade construtiva de 12 mil metros quadrados, quando até aí essa capacidade era nula".

O candidato do Bloco foi mais longe e disse que Rui Moreira conseguiu fazer "um negócio à Euromilhões. Os terrenos de zero passaram a valer 10 ou 12 milhões de euros".

Sobre esta matéria Álvaro Almeida disse que "o povo do Porto devia saber tudo desde o início. Não é normal que se tenham negócios que afetam a posição da Câmara e das empresas e não se diz nada a ninguém". Manuel Pizarro foi mais diplomático e disse apenas que vai "promover todas as diligências possíveis para que seja reconhecido que os terrenos pertencem à Câmara Municipal do Porto. Acho que essa é que a nossa obrigação em defesa do interesse público e é isso que interessa às pessoas do porto".

Rui Moreira assegurou ter prestado "todos os esclarecimentos", acrescentando que a sua família nada beneficiou e que a Câmara "nada perdeu". Lamentou ainda que os seus adversários insistam naquilo que definiu como uma "campanha suja com esta questão".

O tema do turismo parece ter sido dos poucos nos quais os candidatos estiveram de acordo. Consideraram é necessária a implementação da taxa turística, com João Teixeira Lopes a dizer que deveria ter sido posta em prática nestes últimos quatro anos, o que teria permitido um encaixe de 40 milhões de euros. 10 milhões por cada ano.

Rui Moreira mostrou-se confiante numa reeleição. Acredita que não desiludiu os portuenses e pediu-lhes para confiarem no que foi feito nos últimos quatro anos. "Permitam-nos fechar o ciclo", disse. Já Manuel Pizarro falou em lealdade para com a população do Porto, acreditando que isso será recohecido. Álvaro Almeida disse que o histórico de gestão do partido que representa pode pesar nos eleitores. 

Tanto Ilda Figueiredo como João Teixeira Lopes descartaram a hipótese de se coligarem com Rui Moreira, caso este volte a ser eleito.

Transportes

Rui Moreira

O edil considerou que "o trânsito é um problema em todas as cidades e principalmente numa cidade como a do Porto, que teve o aumento de atividade que teve". Destacou que nos "últimos 10 anos houve um investimento zero em transportes públicos" e referiu a importância da gestão das STCP ter passado para os municípios da Área Metropolitana do Porto. Estas "são as duas condições fundamentais para gerir o trânsito" no Porto.

Manuel Pizarro

O candidato socialista considera que o "transporte público tem de ser encarado à escala metropolitana" no Porto. E que é necessária "uma agenda de modernização rodoviária no Porto", acrescentando que essa agenda "começou porque veio o Governo do PS". Manuel Pizarro também realçou a importância da gestão das STCP ter passado para os municípios.

Álvaro Almeida

O candidato do PSD criticou Rui Moreira por ter aprovado uma "linha de metro que não aquela que prometeu". Considera que "a linha de metro no Campo Alegre, na zona ocidental, é fundamental".  Mostrou-se preocupado com "o problema dos parcómetros, que são exagerados e estão a invadir zonas residenciais. Faz sentido em zonas comerciais, mas não em zonas residenciais". Pretende apostar numa mobilidade que diz estar esquecida, a das pessoas mais velhas. "Propomos um sistema de transporte de vizinhança, que leve pessoas com mais de 65 anos "ao supermercado, à Junta de Freguesia, para que possam sair de casa".

Ilda Figueiredo

A candidata comunista criticou Rui Moreira por não ter "investido em estacionamento" e "estar a cobrar o que está a cobrar aos municipes", acrescentando que em certas zonas do Porto as pessoas pagam 1 euro por hora em parcómetros. 

João Teixeira Lopes

Para o candidato do Bloco, "a questão dos transportes e dos parcómetros é mais uma questão dos PPP" do executivo camarário liderado por Rui Moreira. Considera que "a linha rosa do metro, que vai ter algum efeito de descongestionamento na principal área do Porto, não chega". E afirma que os lugares de estacionamento não chegam. "Temos sete mil lugares de estacionamento no Porto. Os moradores têm direito a dois mil, nem a metade chega".

Habitação

Rui Moreira

"A situação de perda de população da cidade não pode ser atribuída ao turismo", começou por dizer Rui Moreira sobre esta matéria. Sublinhou que a criação de habitação para a classe média não deve ser feita de forma desmesurada, mas "com muito cuidado e parcimónia". E disse que trazer mais população para a cidade do Porto e para o centro histórico deve ser acompanhada de uma melhoria nos transportes. 

Manuel Pizarro

Foi o vereador responsável pelo pelo pelouro da habitação na Câmara do Porto, não é por isso de estranhar que aposte forte neste tema. Falou num programa estruturado. Pretende dar continuidade ao programa de requalificação na cidade. A sua segunda linha passa pela "recuperação das ilhas no porto", que podem vir a ter novos usos, servindo de residência a estudantes, por exemplo. Tem como objetivo trazer novamente pessoas para o centro histórico do porto e para isso apresenta o programa 'Habita Porto', que diz ser "necessário dar impulso ao mercado de arrendamento acessível". Propõe a "utilização de terrenos da Câmara para a construção de três mil fogos". 

Álvaro Almeida

Partilha a importância da reabilitação das ilhas. Mas critica Manuel Pizarro por querer "construir habitações nos poucos terrenos disponíveis que existem", o que reduz "as possibilidades de ter espaços verdes, de ter espaços desportivos, quando ainda por cima temos cerca de 25 mil alojamentos vagos que podem e dever ser reabilitados, e que se forem reabilitados de uma vez por todas resolvem os problemas de habitação na cidade".

Ilda Figueiredo

Afirma que se a atual política na habitação se mantiver "corremos o risco de obrigar esta população a sair do centro da cidade. A identidade do Porto fica em causa e temos aqui uma Disneyland". Considera necessário "rever o regulamento municipal para impedir aumento de rendas que Rui Moreira e Manuel Pizarro puseram em prática, quando a legislação até pretendia que baixassem". 

João Teixeira Lopes

Foi muito crítico do trabalho realizado pela dupla Moreira/Pizarro nesta matéria. Acusou-os de não terem estudado "o fenómeno da pressão sobre as rendas que estava a ser feito pelo turismo". Considerou grave o facto da cidade ter "uma habitação devoluta em cada cinco" e que poderia servir para trazer novamente as pessoas para o Porto. "Câmara deu sinal verde à especulação imobiliária", afirmou.

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