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Do fado ao pimba, as campanhas também se fazem com canções

As autárquicas deste ano trazem canções para todos os gostos, do fado ao pimba, tocadas por profissionais ou amadores. Feitos com "prata da casa", os hinos são vistos como uma forma de chegar aos eleitores através de um refrão orelhudo.

Do fado ao pimba, as campanhas também se fazem com canções
Notícias ao Minuto

09:40 - 03/09/17 por Lusa

Política Autárquicas

A larga maioria das músicas são feitas num processo em que há pouco ou nenhum dinheiro envolvido, com os candidatos a socorrerem-se de amigos ou conhecidos que habitam o concelho e têm experiência musical ou fazem da música um hobby.

A maioria recorre à música ligeira e a sonoridades pop, normalmente com composições próprias, mas os estilos encontrados pela agência Lusa são variados.

Na candidatura do PSD à freguesia de Silvares (Fundão) há laivos de canção lírica, a CDU dá um toque de cante alentejano em Viana do Alentejo, em Vizela um independente aposta no fado e em São Torcato (Guimarães) pegou-se na eletrónica para se fazer um hino para o PS.

Por entre as canções de campanha que vão surgindo, encontram-se algumas músicas conhecidas na sua base. 'Despacito' surge como a aposta do PS em Vila Pouca de Aguiar e do PSD na Póvoa de Lanhoso, o mesmo concelho onde os socialistas escolheram a música oficial do Euro 2016, de David Guetta.

Já na Covilhã, a candidatura social-democrata usou o tema 'Wavin' Fag' de K'naan para pedir "mudança" e o candidato do PS à Junta de Freguesia da Vila de Riba de Ave (Famalicão) usa 'Juntos somos mais fortes', dos Amor Electro.

A maioria das palavras-chave dos hinos não difere muito entre candidaturas, quando se olha para as letras, cantadas com maior ou menor desafino.

O candidato é normalmente tratado apenas pelo primeiro nome e é descrito como "trabalhador", "transparente", "honesto" ou "experiente".

Sonhos, paixão e ambição também se entoam pelas letras dos hinos, nos quais "acreditar" e "ganhar" são verbos quase sempre presentes, assim como o apelo à união.

"Alguns dos candidatos dão a letra, outros dão tópicos. Quem está na oposição usa quase sempre as mesmas palavras - novos tempos, novos ventos - e quem está no poder fala de continuar", disse à agência Lusa o músico e também membro da lista do CDS à Câmara de Vila Verde Hugo Torres, que este ano fez hinos para seis campanhas, nos distritos de Braga, Coimbra e Porto.

O artista, que já faz hinos há "uns oito ou 12 anos", sublinhou que este ano os candidatos optam por fugir da música popular e procuram "batidas mais da pop, com nuances de eletrónica, mais sintetizadas".

O hino "tem que ter melodias fáceis, mensagens diretas e refrões orelhudos", comentou Hugo Torres. O músico não cobra nada pelos hinos - apenas as horas gastas na produção em estúdio -, utilizando as autárquicas como uma forma de projeção do seu nome enquanto artista.

Em Odivelas, o Juntos Pelo Povo (JPP) optou por recorrer a amigos para fazer o hino, tal como acontece na maioria dos casos.

"Em vez de recorrer a profissionais, optámos pela prata da casa, porque isso também mostra que queremos utilizar as pessoas da terra para as soluções", explicou o candidato António Oliveira Dias, referindo que a música e letra foram feitas por um elemento do projeto que tem a música apenas como hobby.

Em Viana do Alentejo, a CDU optou por fazer um hino como forma de passar "uma mensagem e para não ser apenas, mais uma vez, a dar 'A Carvalhesa' de manhã à noite", disse à agência Lusa o cabeça de lista, Luís Miguel Duarte, explicando que a canção foi criada entre amigos que normalmente se reúnem às sextas-feiras para uma tertúlia onde cantam "umas modas alentejanas".

"Tivemos muito sucesso. Vou passando nas ruas com o carro de som e as pessoas vão dançaricando e vão-se mexendo", salientou Luís Miguel Duarte, referindo que é nas redes sociais que o hino tem mais impacto - conta com "sete mil visualizações, quando o concelho não chega aos seis mil habitantes".

Também na freguesia da Ponte, em Guimarães, o hino do PS foi feito com "prata da casa" e alcançou "mais de 25 mil visualizações", quando a localidade tem apenas oito mil habitantes, sublinhou o candidato Sérgio Costa Rocha, que escreveu grande parte da letra interpretada por um cantor da freguesia.

Em Vieira do Minho, o atual presidente, António Cardoso, aposta na estratégia vencedora de há quatro anos. Em 2013, optou por uma música mexida com algumas influências de reggaeton, à imagem da muita música ligeira portuguesa que tem surgido. Este ano segue uma fórmula semelhante.

Apesar do "sucesso" nas redes sociais, António Cardoso entende que é nas ações de campanha que o hino tem mais valor: "Se a música é animada, as pessoas na campanha estão também mais alegres e motivadas", notou o candidato, que tem como refrão de hino "Vai lá, vai lá e vê/ que o presidente amigo é o Cardoso, olé, olé".

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