PSD e CDS querem manter "o mesmíssimo programa" de quando eram governo
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, acusou hoje PSD e CDS-PP de manterem na oposição "o mesmíssimo programa" que tinham quando eram Governo, de corte de salários, encerramento de serviços e aumento de impostos.
© Reuters
Política Estado da Nação
No discurso de encerramento do debate do estado da Nação, o 'número dois' do Governo acusou ainda sociais-democratas e democratas-cristãos de "aproveitamento político" na abordagem que fizeram sobre os incêndios de Pedrógão Grande e do furto de material de guerra em Tancos.
"Soou tanto a falso hoje a ladainha da oposição sobre a suposta desagregação do Estado. O Estado constituiu um alvo da sua ação no passado e o programa continua a ser retirar do Estado funções, pessoas e recursos", acusou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
A este propósito, Santos Silva dirigiu-se em especial à bancada democrata-cristã, lamentando que tenha "questionado a autoridade de uma chefia militar", referindo-se ao pedido de demissão do Chefe do Estado-maior do Exército: "Uma vergonha, senhores deputados do CDS".
Começando a sua intervenção pela presença e organização do Estado, Santos Silva acusou PSD e CDS de terem tentado, quando estavam no governo, "reduzi-lo ao mínimo" e terem atingido "severamente as funções de soberania", com menos recursos para a defesa, segurança interna, justiça e diplomacia.
"Defender o Estado é respeitar a Constituição e não tentar apresentar medidas inconstitucionais, é valorizar e modernizar da administração, é repor salários e pensões e reconhecer direitos dos funcionários limpando do Estado a mancha negra da precariedade, é recusar a privatização da segurança social, saúde e educação", considerou.
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros, defender o Estado é também "apoiar as instituições basilares quando enfrentam incidentes graves em vez de querer trazê-los para o nível da luta política".
"Os sistemas públicos podem ceder perante circunstâncias excecionais e as instituições podem cometer erros preocupantes mas não é solução decapitar instituições. A solução está no exato contrário, no apuramento rigoroso das responsabilidades, na revisão dos procedimentos, na reconstrução do atingido", defendeu.
Sobre o outro tema que considerou ter marcado o debate, a estrutura e gestão da despesa pública, Santos Silva acusou PSD e CDS-PP de tentarem esconder "a velha pulsão de ser mais duro que a 'troika'".
"Pôr em causa esta política de rigor orçamental, confundindo cativações com cortes é não só colocar-se em contramão com as responsabilidades europeias de Portugal, é não só desmerecer do esforço dos portugueses, é sobretudo demonstrar mais uma vez que o programa da atual oposição na oposição é o mesmíssimo que fez seu quando esteve no governo: cortar rendimentos, agravar impostos, fechar serviços", disse, lamentando que hoje o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, tenha terminado a sua intervenção "no exato momento em que podia falar do futuro".
Santos Silva aproveitou o tema das cativações para citar Luís Vaz de Camões.
"A fixação nas cativações não parece ser boa conselheira, correrá até o risco quem se deixar prender nessas cativações de ter de dizer, como Camões nas suas célebres Endechas: Aquela cativa que me tem cativo, porque nela vivo, já não quero que viva'".
O ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu que o país "precisaria de uma oposição viva e de boa saúde" e salientou que a vida das pessoas é "muito diferente dos episódios da RTP Memória que a oposição tão obsessivamente protagoniza" e deixou uma garantia quanto aos recentes acontecimentos da vida nacional.
"Sabemos bem o sobressalto por que todo o país passou, e ele lembra-nos a todos o muito que há a fazer em matéria de proteção das populações, do desenvolvimento do território, da melhoria dos serviços e coesão da sociedade. Esta consciência dá-nos a todos ainda mais energia, ainda mais sentido de responsabilidade", concluiu, recebendo aplausos de pé de toda a bancada socialista.
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