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"Para onde vai a Geringonça? Começam a surgir sinais de impaciência"

Bloquista sublinha "estabilidade" da solução governativa mas vê alguns sinais de "uma impaciência" que, "se for duradoura, então aí a Geringonça irá realmente mostrar se tem condições para se aguentar".

"Para onde vai a Geringonça? Começam a surgir sinais de impaciência"
Notícias ao Minuto

13:00 - 29/05/17 por Melissa Lopes

Política Análise

Volvido ano e meio da solução governativa, eis que começam a surgir análises e reflexões sobre aquilo que é e, sobretudo, aquilo que será a Geringonça no futuro. Adelino Fortunato, professor universitário e dirigente do Bloco de Esquerda, assina um texto de opinião no site Esquerda.net, onde analisa a estabilidade atual, prevendo, no entanto, dificuldades mais adiante. E aí sim, será a verdadeira 'prova dos nove' para PS, Bloco de Esquerda e PCP. 

A Geringonça, opina o bloquista, foi um recurso “para salvar a pele”, para evitar o isolamento político. "Cada formação política tem uma narrativa e uma interpretação própria, tirando partido da sua especificidade. Além do objetivo comum de afastar o pesadelo da direita e a austeridade violenta, perfilaram-se dois outros: António Costa quis aguentar o PS como partido da governação, jogando no compromisso entre o cumprimento das metas europeias e a satisfação de algumas exigências mais prementes da esquerda; e os partidos à sua esquerda quiseram demonstrar a inconsistência daquele mesmo PS para resistir à ofensiva neoliberal do diretório europeu e evitar a austeridade", analisa o professor, para quem a solução "vai impondo o seu caminho".

Costa, que tem visto crescer a sua popularidade, "embalado pela incapacidade da direita para digerir acontecimentos [resultados económicos] que não esperava nem compreende", coloca o PS num terreno de "expectativa alta, mas sem altivez nem soberba".  

Mais, "apesar de ter conseguido ultrapassar dificuldades, mormente no plano internacional, a margem de manobra é estreita e o caminho está cheio de escolhos. As sondagens são-lhe favoráveis, mas uma crise europeia precipitará os acontecimentos e gerará dificuldades difíceis de controlar", antevê o bloquista. Apesar de tudo, aponta, a "sensação dominante é a da estabilidade" e "Marcelo não se cansa de o dizer e em diferentes fóruns internacionais".

Contudo, Adelino Fortunato teme o futuro. "Não só o 'milagre económico' em breve poderá revelar as suas debilidades, como começam a surgir sinais de impaciência, greves em curso e outras que se anunciam, dirigentes sindicais que apelam à mobilização dos trabalhadores e da Esquerda em torno de temas que o governo se recusa a negociar".

Tudo "sintomas de um mal profundo que não está a ser encarado e muito menos ultrapassado", defende o bloquista, considerando que se "esta impaciência for duradoura, então aí a Geringonça irá realmente mostrar se tem condições para se aguentar".

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