O elogio do ministro das finanças alemão, Wolfgang Schaüble, a Mário Centeno, está a suscitar reações no universo político português. Disse então Schaüble que Centeno é "o Ronaldo do Ecofin", o grupo de ministros das Finanças da União Europeia.

O elogio criou alguma surpresa, uma vez que o ministro alemão não tem por hábito tecer comentários positivos aos políticos portugueses. "Quem disse isso, por uma vez não pensou mal", comentou ontem Marcelo.

Mas se o Presidente concorda com os elogios feitos a Centeno, ainda que feitos "por uma vez", há quem, por outro lado, não reconheça sentido à comparação feita entre político e futebolista.

É o caso do centrista Diogo Feio. "Por muito que me custe, anda muita gente baralhada. Centeno, um ministro sob vigilância, não é o Cristiano do Ecofin. CR7, um craque mundial, não é, de todo, o Centeno do futebol", comentou no Facebook.

Quem também não deixou encantar pelas palavras do ministro alemão foi o socialista Tiago Barbosa Ribeiro. "Não me comove. Presumindo-se o elogio, oculta-se a autocrítica", escreveu o deputado no Facebook, sublinhando não ficar "reconfortado com elogios vindos de quem ainda há uns meses acusava Centeno de encaminhar Portugal para uma calamidade e postulava o mérito da política seguida pelo anterior Governo, que fez da obediência o seu pensamento europeu".

Mais, para Tiago Barbosa Ribeiro, "Centeno é o Ronaldo do Ecofin porque rompeu com os treinos que lhe tinham prescrito". Conclui então que o elogio do alemão "é a derrota de Schaüble e de todos os que ainda o seguem" e que antes do elogio pela evidência dos reslutados, deveria vir o "reconhecimento do fracasso da sua política, a autocrítica sobre ideias ideologicamente radicais que lançaram a Europa na vertigem da crise, da austeridade e dos consequentes populismos em vários países", posicionou-se. 

João Galamba aproveitou o espaço de comentário da SIC Notícias para também ele desvalorizar o elogio do ministro das finanças alemão. "Os resultados da economia portuguesa devem ter deixado Schaüble confuso", disse. Na mesma linha, e no mesmo espaço de debate, o social-democrata Marco António Costa considerou o elogio de Schaüble "irrelevante” e “folclore da política”.