Um dia depois das comemorações dos 43 anos da Revolução dos Cravos, Ferro Rodrigues almoçou com a Associação 25 de Abril.

O presidente da Assembleia da República recordou que quando foi eleito, em 2015, a sua "imediata preocupação em terminar com o absurdo que era os capitães de Abril não estarem presentes nas cerimónias do 25 de Abril", regresso que se verificou em 2016 e que se manteve este ano.

"Sempre defendi que era necessário ter uma base nacional, do ponto de vista político, muito forte para podermos estar à altura das dificuldades e das respostas. A base mais ampla na sociedade portuguesa e mais ampla do ponto de vista político é constituída sobretudo pela grande convergência e grande coesão e até grande cumplicidade que existe entre o Presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro e o Presidente da República", enalteceu.

Na opinião da segunda figura do Estado, "aquilo que muitas vezes não se consegue no parlamento, que são maiorias alargadas para responder a determinados problemas políticos, consegue-se por este tipo de convergência institucional que é muito importante".

"Olhando para aquele friso [da sessão solene no 25 de Abril no parlamento] também se percebe hoje na sociedade portuguesa e nos grupos parlamentares que há uma consciência mais forte da necessidade de coesão e da necessidade de estarmos juntos em resposta às necessidades que são grandes a nível internacional", elogiou.

Sobre a sessão solene, Ferro Rodrigues destacou ainda que esta "decorreu de uma forma muito digna e muito positiva porque também o Presidente da República fez logo o aviso que, ao contrário de outros presidentes, não ia aproveitar o 25 de Abril para dar os chamados recados".

"Olhando ontem [terça-feira] para aquele friso de representação da Associação 25 de Abril verifica-se como foi possível ao longo dos anos ultrapassar as divergências que eram muitas no seio dos militares naquele período e hoje estarem ali pessoas que representavam tendências militares bastantes diferentes e com projetos alternativos", disse ainda.

Para o presidente da Assembleia da República, "esta pacificação da vida política e esta capacidade que houve também por parte dos militares é muito importante" para Portugal.

"De avô civil para vários avôs militares que aqui estão eu queria dizer-vos que é muito importante que desde pequeninos as crianças e os jovens sejam educados e se explique o que era a situação até ao 25 de Abril", apelou.

Ferro Rodrigues falou ainda da "recompensa política muito importante" que sentiu pelo "facto de ter sido eleito presidente da Assembleia da República nas circunstâncias em que aconteceu a eleição - em voto secreto e como candidato oposicionista - porque foi possível construir pela primeira vez na Assembleia da República uma nova solução política".

"Isso para quem este ano fará possivelmente 50 anos de atividade política e de luta pela liberdade e pelos ideais da democracia e do socialismo é algo de muito relevante", admitiu.