Governo estará "satisfeito" com "rasteira" que PSD passou a si próprio
O economista e antigo líder do Bloco de Esquerda comentou o momento que tem marcado a atualidade política: o possível fim da proposta de descida temporária da Taxa Social Única.
© Global Imagens
Política Francisco Louçã
O salário mínimo nacional subiu mas a compensação prevista pelo Executivo de descida da Taxa Social Única (TSU) para as empresas poderá cair. O PCP quer que o tema seja votado no Parlamento e o PSD declarou que, se tal acontecer, vota contra.
A situação pode obrigar o Governo a negociar alternativa, como tem sido sugerido já por algumas entidades patronais. Mas pode tirar daqui ganhos políticos e por culpa do próprio PSD, sugeriu Francisco Louçã no programa de comentário ‘Tabu’, na antena da SIC Notícias, esta sexta-feira.
“É um problema difícil para todos os participantes, mas de formas diferentes”, afirmou Louçã, explicando que “para os trabalhadores o problema está resolvido”. O aumento já está em vigor. Já a descida da TSU está agora no centro do debate político.
A ideia não é bem colhida à Esquerda, que teme que a medida redunde em prejuízo para os contribuintes e motive a contratação de pessoas mas com salários tabelados pelo ordenado mínimo.
“Não há incoerência da parte dos partidos de Esquerda mas há obviamente um incómodo porque o Governo pode ser derrotado nesta matéria e não era preciso chegar a esta situação”, pormenorizou.
Sobre o Governo, diz ainda Francisco Louçã que “foi imprevidente” nesta questão. Para o antigo líder dos bloquistas é “frágil” o argumento de que a descida da TSU é medida temporária. Além do mais, “o Governo avançou sem cuidar, e não terá “acautelado” a sua posição.
“Contar com o PSD é um risco político” para o Executivo de António Costa, salientou mesmo.
Porém, é “o PSD [que] fica na situação mais difícil de todas”, até porque “para a Esquerda há um grande ganho de causa: se a TSU for anulada, no próximo ano (…) desaparece do menu de debate político”. Ao invés, “do ponto de vista político foi um Governo do PSD e CDS que inventou esta medida”, apontou o ex-deputado.
“Em dezembro, o PSD saudou este acordo e agora, duas semanas e meia depois, vem dizer que já não está de acordo com ele”, criticou.
No entretanto, “o Governo provavelmente está a apostar na grande pressão das instâncias patronais sobre o PSD, que é muito efetiva”, podendo levar a que o “PSD tropece nas suas próprias rasteiras”.
“Creio que o Governo está satisfeito com a posição que o PSD tomou e com a exibição de contradição em que Passos Coelho se atropela”.
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