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"Ainda falta muito para sermos um país com pedigree"

As novas leis no atendimento público e privado (a obrigação em ceder passagem nas filas a grávidas, idosos e pessoas com deficiência) são o mote para a reflexão desta semana de Joaquim Jorge.

"Ainda falta muito para sermos um país com pedigree"
Notícias ao Minuto

11:30 - 20/12/16 por Notícias Ao Minuto

Política Joaquim Jorge

Joaquim Jorge, fundador do Clube dos Pensadores, comenta as novas regras que ditam, por exemplo, que quem não cede passagem a grávidas, a pessoas com deficiência, idosos e pessoas que tenham crianças ao colo, ficará sujeito a uma multa que vai desde os 50 até aos 100 euros.

Sublinhando que tudo se trata de uma questão de educação que deveria ser ensinada nos bancos da escola e que nem devia ser preciso legislar sobre isso, Joaquim Jorge assinala que existem demasiadas leis em Portugal porque cada Governo quer sempre "pôr a República na ordem".

Neste caso, reforça, é "uma questão de civismo". "Não é preciso legislar, ou impor para uma pessoa educada, dar o seu lugar sentado no metro a um cidadão de idade, ou a uma mãe com uma criança ao colo. Esta atitude deveria ser evidente e normal, sem leis ou legislação, mas sim, por norma de educação, adquirida ou com os nossos pais ou nos bancos da escola".

O biólogo lamenta que haja tanta legislação e a consequente impunidade. "Infelizmente, há leis a mais (...) O problema é fazer-se cumprir as que já existem. Há tantas infrações que não se cumprem e a impunidade continua", refere, enumerando algumas dessas situações (o ruído em casa fora de horas, a condução nas estradas, a falta de civismo na praia, nas escadas rolantes, ...).

"Há, tantos exemplos, que daria para escrever um livro sobre" a falta de educação dos portugueses", sublinha o comentador, admitindo que, se por um lado, há muitos portugueses educados e com maneiras, à grande maioria "falta-lhe berço e só porque tem dinheiro julga-se mais do que os outros".

No entendimento de Joaquim Jorge, a "maioria dos portugueses é ignorante, arrogante, mal-educada, sem maneiras, indelicada, com constantes faltas de respeito e grosseria". "Antigamente as pessoas distinguiam-se pelo que tinham, agora não, é pela sua educação e princípios. A educação e os princípios não se podem comprar, são-nos transmitidos pelos nossos pais que por sua vez aprenderam com os nossos avós", frisa. E, daquilo que se apercebe, "não há leis que nos valham". "Ainda falta muito para sermos um país com pedigree", sublinha.

Apesar de estas considerações sobre a educação e civismo dos portugueses, Joaquim Jorge considera que o Governo fez bem em estabelecer estas regras. Contudo, não é suficiente.

"Há situações de convivência social entre portugueses, em que, quem é educado é lorpa. Os portugueses atuam em função dos seus desejos e não do local onde estão inseridos e da realidade que os rodeia", constata ainda o biólogo, resumindo a questão à "nossa quase ilimitada capacidade de ignorar a nossa ignorância do que é ser educado".

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