Um ano de 'geringonça'. Cedências são parte do sucesso

Um ano depois dos acordos que viabilizaram o Governo, os socialistas de Lisboa recordam os tempos de António Costa na Câmara - e dizem que as "cedências" a BE e PCP, e vice-versa, são parte do sucesso da 'geringonça'.

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Lusa
10/11/2016 06:51 ‧ 10/11/2016 por Lusa

Política

Socialistas

Já não reúnem como dantes, porque agora "todos têm televisão em casa". Mas, em Lisboa, há pelo menos um grupo de socialistas que uma vez por mês troca experiências e opiniões e junta-se na secção do PS de Almirante Reis/Limoeiro, situada a cinco minutos da Sé de Lisboa, numa Alfama cada vez mais popular e turística.

Naquela noite de terça-feira de novembro jogavam, na Liga dos Campeões, Futebol Clube do Porto e Sporting Clube de Portugal - à hora dos jogos ainda pouca movimentação se via na secção do PS, mas pouco depois eram cerca de 30 os presentes. A reportagem da agência Lusa falou com os socialistas sobre a cidade, os 'tuk tuks' e, obviamente, o atual Governo liderado por António Costa - cujos acordos da sua viabilização com os partidos à esquerda foram assinados a 10 de novembro do ano passado.

"O atual primeiro-ministro está a seguir a receita que usou na Câmara de Lisboa: primeiro vamos arrumar a casa e depois vamos trabalhar. Resultou na câmara e também vai resultar no Governo": as palavras são de Luís Coelho, 58 anos divididos entre uma atividade como comerciante e a participação política no PS - partido a que se juntou como militante apenas em 2002, depois da queda de Guterres. "Ele caiu, veio o Ferro [Rodrigues], achei que estava na altura de aderir ao PS, é nesses momentos que às vezes sentimos o chamamento".

Atualmente, Luís Coelho desempenha funções de assessoria na junta de Freguesia de Santa Maria Maior, que aborda grande parte do centro turístico da capital. Nesse sentido, mas também enquanto "socialista e cidadão", uma vez por mês é um dos dinamizadores de um convívio na secção do PS Almirante Reis/Limoeiro.

Maria João Correia, por seu turno, diz que Portugal e os portugueses ganharam já "bastantes coisas" com o Governo que começou a ganhar forma nos acordos de há um ano. A socialista, 41 anos de idade e militante ativa "há mais de 20 anos, na Juventude Socialista", destaca a reposição de feriados e rendimentos como marcos do Governo de António Costa.

Sobre a relação com Bloco de Esquerda e PCP, as "cedências" necessariamente feitas por PS e partidos que apoiam o executivo no parlamento são, advoga, marca necessária para "paulatinamente" os portugueses serem "beneficiados" politicamente.

Natalina Tavares de Moura, "septuagenária", foi deputada pelo PS entre 1995 e 1999 e atualmente preside à Junta de Freguesia de São Vicente - nessa noite veio falar com colegas de partido e amigos simpatizantes do PS e também assinalou, à Lusa, como "é possível trabalhar" em coligação.

"Mesmo na oposição", diz, numa bicada a PSD e CDS-PP, também devia ser possível trabalhar construtivamente, desde que "na defesa dos valores" dos partidos e dos cidadãos.

No período recente de maior crise, diz, os cidadãos olharam para os autarcas locais como relativo amparo para o "desconforto emocional" que o país e as pessoas atravessaram, e esse tema era recorrente nas conversas nesta secção do PS/Lisboa.

As pessoas - e aqui a palavra volta a Luís Coelho - "dantes vinham à secção ver televisão, jogar às cartas, o bar funcionava", conta, recordando um "conceito que já não existe tanto" de proximidade entre "camaradas". De todo o modo, o espaço - uma sala com cadeiras, material de campanhas passadas, uma máquina de café e águas - é aberto para os militantes e dirigentes das freguesias da zona "trocarem experiências e visões" sobre a cidade e o país.

Entre um café e uma água, e com bandeiras e material de propaganda de campanhas passadas, entre 20 e 30 socialistas debateram o Governo, falaram das famílias, do turismo, de 'tuk tuks' e de futebol: o Sporting perdeu em Dortmund, o Porto venceu em casa o Brugge, e a 'geringonça', acreditam todos, tem pernas para andar.

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