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"Estamos a assistir a peça encenada. No fim todos subscrevem"

A dois dias do Orçamento do Estado para 2017 ser entregue no Parlamento, a líder do CDS deu uma entrevista à SIC. Disse ter a convição de que o documento vai ser aprovado e sobre a relação com o PSD, Cristas defendeu que "é bom que cada um faço o seu trabalho". E a Câmara de Lisboa? "É 'gosto' antigo", revelou.

"Estamos a assistir a peça encenada. No fim todos subscrevem"
Notícias ao Minuto

21:00 - 12/10/16 por Notícias Ao Minuto

Política Assunção Cristas

Em vésperas da entrega do Orçamento do Estado para 2017, Assunção Cristas reconheceu, em entrevista à SIC, a dificuldade da execução deste Orçamento, mas que as opções do CDS seriam outras.

“No CDS olhamos para este exercício orçamental como um exercício de escolhas e o que observamos são escolhas que nos pareceram erradas. Na nossa perspetiva as escolhas seriam outras”, disse a líder dos centristas e também candidata à câmara de Lisboa.

Considerando que esta quarta-feira não foi dito nada de muito substancial aos representantes do CDS, e que portanto o partido aguarda até sexta-feira para conhecer o documento, foi no entanto confirmado que “haveria um caminho a ser continuado em relação ao Orçamento do Estado de 2016 – leia-se, o caminho dos impostos indiretos - aquilo que tenho qualificado de austeridade 'à la esquerda': repõem alguma coisa de rendimentos mas ao mesmo tempo o que dão com uma mão, tiram com a outra”, disse, referindo-se às notícias dos possíveis aumentos de impostos indiretos que, em todo o caso, não foram confirmados.

Impostos e crescimento económico

Assunção Cristas afirmou que quando António Costa se candidatou dizendo que tinha um modelo que levaria a um crescimento 2,4% que “obviamente que o que pensava era conseguir pagar tudo o que queria fazer com o produto desse crescimento económico". Mas isso, frisou, “simplesmente não aconteceu”. O que “quer dizer que falta dinheiro que vem do crescimento económico. Faltando dinheiro, ficaria bem ao primeiro-ministro um assumir, com humildade, que errou”, sugeriu, acrescentando que uma vez que os pressupostos não se verificaram, Costa deveria “corrigir o tiro”. “Mas não me parece que ele vá por aí”, lamentou.

Impostos indiretos

“Todos estes impostos de que se fala, tanto tocam no bolso dos que têm menos como no dos que têm mais. Não é verdade que haja uma justiça fiscal”, considerou Cristas, para quem há sempre várias maneiras de abordar a questão. “O gasóleo e a gasolina afetam diretamente a classe média”, apreciou.

Serviço Nacional de Saúde

Sobre o desmoronamento do Serviço Nacional de Saúde, Assunção Cristas não se coibiu de culpar o Executivo de Costa de ter aumentado a dívida do setor da saúde para o dobro. “É, de facto, preocupante”, disse, defendendo que “o problema começou quando o governo anterior chegou ao poder e tinha uma dívida de 2 mil milhões de euros e teve de começar a pagá-la. A tendência de diminuição da dívida inverteu-se”.

O que é que faria tão diferente deste Governo?

A líder centrista garante que o objetivo da coligação PàF caso viesse a ser governo era “remover a austeridade gradualmente”, com “reposição total de rendimentos”, mas “atendendo também ao crescimento económico”. Ao contrário do atual Governo, Cristas tendia para a diminuição progressiva do IRS e não pelo “choque de consumo”. “Era importante manter fortes estímulos ao investimentos”, acrescentou.

Aprovação do Orçamento do Estado para 2017

Daquilo que Cristas observa, o Orçamento do Estado, documento que vai ser conhecido na próxima sexta-feira, vai ser aprovado. “Não tenho dúvida alguma sobre a aprovação deste Orçamento. Parece que estamos a assistir a uma peça encenada, não sabemos se estão de acordo ou se combinaram estar em desacordo”, considerou, frisando que há um “ruído natural”, mas que no final “todos subscrevem” e “todos serão responsáveis”.

Relação com o PSD

Admitindo que existe diálogo com o PSD “em muitas matérias,” Assunção Cristas prefere ver os dois partidos a trabalhar “cada um por si”. “Neste momento é claro que as posições dos partidos, como aliás já foram diferentes para 2016, também serão diferentes para 2017”, afirmou, mostrando que o CDS tem optado fazer oposição de modo diferente da dos sociais-democratas. “Entendemos que devemos sempre apresentar propostas. Cabe-nos a nós dar exemplos do que faríamos diferente” [nomeadamente a questão do crédito fiscal para o investimento, o fim da isenção do IMI aos partidos, entre outras medidas].

Lembrando que CDS e PSD são “aliados naturais, amigos”, Cristas reconhece agora que “cada um tem o seu caminho”. “Para termos um futuro noivado bem sucedido e um casamento bem sucedido agora é bom que cada um faça o seu trabalho e que possa crescer por si”. Quanto ao CDS, vincou, optou pela “oposição firme”, dizendo aquilo que está errado e apresentando propostas.

Aproximação ao Partido Socialista?

Questionada sobre uma eventual aproximação ao Partido Socialista, a líder do CDS afasta toda e qualquer ligação a “este PS”. “Este PS tem uma opção muito clara que é juntar-se às esquerdas radicais e nós não temos nada a ver com isso”, deixou claro, admitindo que “há muita gente na área do centro que fica perplexa perante esta radicalização política à Esquerda”.

Autárquicas 2017

“Candidato-me por achar que Lisboa merece ter um projeto diferente do que existe agora”. Foi desta forma que Cristas justificou a sua decisão de se candidatar à principal Câmara do país.

“Não me revejo numa Lisboa da obra, do betão, do tornar mais bonito apenas. Com certeza que isso é importante, mas também há a Lisboa das pessoas, a Lisboa que é a cidade mais envelhecida da Europa, onde estão velhinhos que não saem do seu prédio porque não tem ninguém. Falta uma dinâmica de cidade para todas as idades e todos os extratos sociais”, argumentou a centrista.

Outro dos propósitos da candidatura, elencou, foi "motivar e mobilizar" o próprio CDS para as diferentes eleições autárquicas que há por todo o país. “São umas eleições difíceis para o CDS e perante a dificuldade, não podemos virar as costas e assobiar de fininho e esperar que passe o tempo das autárquicas”. 

De resto, Cristas revelou ainda que o gosto pela Câmara de Lisboa é já coisa antiga e que, antes de tornar a decisão pública, conversou com Paulo Portas e com todos os militantes e com o PSD. 

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