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"É fantasia achar que o Governo bate o pé a Bruxelas e faz o que quer"

Teresa Morais, vice-presidente do PSD, conversou com o Notícias ao Minuto e abordou a aquela que é a atualidade da economia nacional e os riscos que Portugal corre no que diz respeito ao cumprimento da meta do défice. Um novo pedido de resgate e as sanções a Portugal que já não vão ser aplicadas estiveram também em cima da mesa.

"É fantasia achar que o Governo bate o pé a Bruxelas e faz o que quer"
Notícias ao Minuto

08:00 - 21/08/16 por Patrícia Martins Carvalho

Política Teresa Morais

O problema maior que se avizinha é que as metas definidas para Portugal não sejam cumpridas”. É desta forma que Teresa Morais, ex-ministra da Cultura, começa por dizer, numa entrevista exclusiva ao Notícias ao Minuto, que está “preocupada” com aquele que vai ser o futuro do país que “entrou num caminho de risco”.

“Existem riscos que são desnecessários e que estão a ser corridos por este Governo devido às políticas que implementou atabalhoada e apressadamente sem curar dos seus efeitos e resultados que podia ter a breve prazo”, refere, lembrando que “não é só o PSD que o diz” e que os avisos “têm vindo de muitas instituições nacionais e internacionais”.

Mas, critica, o Executivo “ignora os avisos de toda a gente, os avisos que vêm da União Europeia, da Unidade Técnica de Apoio Orçamental e do Conselho de Finanças Públicas”.

O “problema”, sublinha, é que o país “depende” de um crescimento económico que, neste momento, é “cerca de metade daquilo que o Governo tinha previsto” e, por isso, adverte, não é o suficiente para “sustentar as políticas de despesa que o Executivo implementou”.

Quanto ao estado da economia nacional, Teresa Morais aponta as principais debilidades que se verificaram no primeiro semestre deste ano.

Em matéria de crescimento económico estamos com um mais débil e mais fraco do que aquele que tivemos em 2015. Estamos com riscos orçamentais agravados em relação aquilo que era a situação orçamental no final do ano passado e não adianta que o Governo diga que a execução orçamental do primeiro semestre correu bem. Toda a gente já avisou que existem riscos orçamentais para o segundo semestre que derivam do facto de o Governo ter empurrado uma série de despesas para a frente"

Por tudo isto, a também ex-secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade considera que “tudo o que se tem feito nos últimos tempos faz temer por aquele que será o resultado final”.

“Espero bem que não estejamos a caminhar para um novo pedido de resgate. Seria desastroso e significaria que o PS, verdadeiramente, nada teria aprendido com aquilo que fez ao país no passado”, atira.

Questionada sobre a relação que o Executivo liderado por António Costa mantém com Bruxelas, Teresa Morais é bastante crítica, acusando o Governo de ter um “discurso dual”.

“Cá dentro, para satisfazer os seus parceiros de coligação, tem um discurso de que bate o pé à União Europeia e depois na União Europeia, como é normal, faz o que tem de fazer, porque não tem alternativa e porque é o que todos têm de fazer para cumprir as regras que são impostas a quem precisa de ajuda”, atira.

E apesar de considerar que Bruxelas tem “muitas vezes uma espécie de dois pesos e duas medidas” relativamente a países que apresentaram dificuldades ao nível do cumprimento do défice, a vice-presidente do PSD sublinha que “é uma completa fantasia achar que o Governo bate o pé a Bruxelas e que chega lá e faz o que quer”.

“O que se está a ver é que não é assim. As regras são para cumprir e Portugal vai ter de cumprir como todos os países que estão numa situação de fragilidade e precisam de ajuda”, afirma.

Para concluir, Teresa Morais garantiu que “nunca” lhe passou pela cabeça que as sanções fossem “verdadeiramente aplicadas” e a justificação é simples.

O que foi feito pelo governo anterior em termos de ajustamento e os sacrifícios que o povo fez para ter um défice que, tecnicamente, ficou abaixo dos 3%, tinham de ser reconhecidos"

Por isso, e porque a questão está, neste momento, “em princípio arrumada”, Teresa Morais garante que, em relação a 2015, “não há mais nada para dizer” e deixa um aviso a António Costa e aos seus ministros:

“Está tudo nas mãos do Governo em relação aquilo que for e não for capaz de fazer em 2016, mas o Governo continua a dizer que não é preciso fazer mais nada porque está tudo bem. Veremos!”

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