A euforia da Esquerda e o drama da Direita perante contas
Os dados da execução orçamental até junho revelaram que o défice foi reduzido em 971,2 milhões de euros, tendo a receita fiscal aumentado 2,7%, que se traduz em 18 mil milhões de euros. Em sentido oposto, os pagamentos em atraso aumentaram 225 milhões de euros no primeiro semestre do ano.
© Getty Images
Política Execução
O secretário de Estado do Orçamento, João Leão, considerou “muito positiva” a evolução do primeiro semestre em “termos de contabilidade pública”.
Para o governante esta evolução vem “associada a um conjunto de outros indicadores que já vêm em contabilidade nacional”.
João Leão garantiu que a devolução de 40% dos cortes salariais, que ainda será feita, “não é um fator de risco” e, por isso, não está “preocupado”.
Em traços gerais, o secretário de Estado do Orçamento considerou que os dados revelados ontem apontam para o facto de que a “execução orçamental tem estado a correr bastante bem e em linha com o previsto”.
Do lado de um dos parceiros de maioria parlamentar, a posição é semelhante, com Catarina Martins a utilizar estes números para ‘atacar’ Bruxelas.
“O facto de termos dados positivos de execução orçamental é só mais um fator que deve levar à determinação do nosso país de recusar a chantagem europeia para que haja cortes, rejeitar as sanções”.
A coordenadora bloquista disse ainda que o que “nos dizem os dados da execução orçamental é que o nosso país precisa de uma determinação para defender quem aqui vive”.
Já João Galamba representou o Partido Socialista descrevendo como “positivos” os resultados que, defendeu, “confirmam aquilo que o Governo tem dito de que a execução está em linha com o esperado e que não há justificação para qualquer drama ou para anúncios catastrofistas em torno do cumprimento das metas orçamentais”.
Ainda assim, o socialista alertou que não se deve “embandeirar em arco, porque este é um exercício orçamental muito difícil”.
Contudo, este sentimento de otimismo e confiança não abunda na oposição, como seria de esperar.
Cecília Meireles, do CDS, sublinhou que a “cada mês que passa, e passado este primeiro semestre, torna-se muito visível o péssimo hábito de regressar ao passado de empurrar o problema com a barriga”, referindo-se aos pagamentos em atraso.
A deputada centrista lançou ainda a farpa, dizendo que “fica cada vez mais claro que este é, de facto um orçamento de austeridade porque se olharmos para os resultados vemos que são construídos à volta de um aumento da receita fiscal”.
Por seu turno, Duarte Pacheco, do PSD, disse que os partidos que apoiam o Governo estão “eufóricos”, lembrando que a “receita cresce muito abaixo do estimado, nomeadamente em vários impostos, o que prova que a economia está praticamente à beira da estagnação”.
O social-democrata apontou ainda que a despesa está “maior do que a de 2015” e isto “apesar de o Governo fazer um corte brutal no investimento”, o que, na sua ótica, é quase como um ‘truque de magia’.
“Este corte, de praticamente 20%, faz com que a receita compense a redução de despesa prevista e automaticamente o défice cai”.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com