Representante da República pede condições para evitar emigração
O representante da República para a Região Autónoma da Madeira, juiz-conselheiro Ireneu Barreto, disse hoje, na cerimónia do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, ser obrigação dos governantes criar condições para que os portugueses permaneçam no país.
© Reuters
Política Madeira
Lembrando os que "partiram ontem" e os que "partem hoje", Ireneu Barreto sublinhou ser responsabilidade dos que ficam e, sobretudo, dos governantes "criar condições de atração para todos os que desejam ficar e também para aqueles que partiram mas aspiram regressar".
Ao saudar os conterrâneos que "da Venezuela à Austrália, da África do Sul às ilhas do Canal, do Canadá aos Estados Unidos, do Brasil à Suíça, de Angola ao Reino Unido, querem cultivar e reforçar os laços com a sua terra de origem", o representante da República recordou haver "algumas sombras" em alguns países de acolhimento, numa alusão à Venezuela.
"Não podemos, neste momento de comemoração, esquecer que algumas sombras pairam sobre muitos países que são destinos tradicionais de acolhimento das nossas comunidades", disse, aconselhando as comunidades a "enfrentar as dificuldades com esperança e confiança", convicto de que as mesmas "nunca serão parte do problema, mas poderão ser sempre parte da solução".
Na cerimónia que decorreu junto à estátua ao Emigrante, na Avenida do Mar e das Comunidades Madeirenses, no Funchal, participou ainda Alcindo Abreu Aires, natural da Ribeira Brava e emigrante na Venezuela desde 1959 para onde partiu aos 14 anos de idade, que falou em representação das comunidades madeirenses assim como Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira e Tranquada Gomes presidente da Assembleia Legislativa da Madeira.
Alcindo Aires Abreu sublinhou que, nas comunidades espalhadas pelo mundo, o que existe são "portugueses que teimam em ser portugueses não descurando, todavia, o reconhecimento e a bondade da sua segunda pátria, que tão nobremente os acolheu".
Nesse sentido, pediu aos governantes que reponham a confiança dos emigrantes que "acreditaram nas instituições do país e que viram goradas as suas legítimas expectativas as suas vidas de trabalho".
Miguel Albuquerque falou da "vocação universalista e cosmopolita" da Madeira e de Portugal marcada pela "determinação, coragem, abertura ao mundo e aos outros e pela vocação do trabalho como pedra basilar na construção de um futuro melhor".
Tranquada Gomes saudou as comunidades distribuídas pelos quatro cantos do mundo mas dedicou uma saudação particular aos emigrantes na Venezuela que "passam por momentos dramáticos, de grande inquietação e incerteza perante a situação de iminente rotura social que aquele país vive".
O presidente da ALM defendeu ainda ser necessário "fazer tudo" para "minorar esse flagelo" que foi o "colapso de duas instituições bancárias" [BES e Banif] que atingiram "severamente" as poupanças de muitos emigrantes.
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