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"Ao pôr ideologia à frente da realidade, acabamos a produzir ilusões"

Envelhecimento populacional foi o tema escolhido por Paulo Portas para o seu último discurso no Parlamento.

"Ao pôr ideologia à frente da realidade, acabamos a produzir ilusões"
Notícias ao Minuto

18:10 - 02/06/16 por João Oliveira

Política Paulo Portas

Vinte e um anos de vida política e muitas ‘tiradas’ arrojadas marcaram as intervenções de Paulo Portas no Parlamento. Hoje, o antigo líder do CDS-PP proferiu o seu último discurso na Assembleia e, para tema, escolheu uma das batalhas que os centristas querem debater e vencer: o envelhecimento populacional.

“Em boa hora, o CDS e a sua presidente [Assunção Cristas] marcaram este debate e lançaram este tema”, começou por dizer Portas, lembrando que a possibilidade de Portugal se transformar num país “com mais acelerado envelhecimento numa Europa já de si em inverno demográfico prolongado, é um indicador de alto risco e um considerável desafio de sustentabilidade”. Por isso mesmo, “a última coisa que uma situação destas recomenda é um exercício de demagogia”, acrescentou.

De rosto risonho e olhos apontados para a sua bancada e para os assentos dos líderes do Governo, o centrista disse que a solução para este problema não residiu nunca em protestos. “Ao contrário do que frequentemente se ouve nesta casa, a reconstrução da Europa e o seu modelo de prosperidade a partir das ruínas trágicas da segunda guerra, não se fizeram com a cultura de protesto. Fizeram-se, passo a passo, com a cultura do compromisso e empregados e com a cultura do equilibrio possível entre as gerações de ativos e as gerações de idosos”, sustentou.

Em jeito de aviso, o centrista disse existem “questões muito mais complexas que a ladainha dos direitos adquiridos permite alcançar”. Um exemplo que é disso prova, está na sustentabilidade da Segurança Social. “Pode um sistema de Segurança Social continuar a ser essencialmente de repartição? Ou seja, os trabalhadores de hoje descontam para financiar as pensões de hoje, quando Portugal, ainda por cima, com a economia em valores preocupantemente modestos e a demografia em valores polares, está longe de ter os ativos necessários para pagar com segurança cada vez mais pensionistas que vivem, felizmente, cada vez mais anos”, questionou.

Não podendo o Governo cair no erro de menosprezar os mais velhos, o antecessor de Assunção Cristas deixou uma mensagem bem clara para o futuro: “Se insistirmos em pôr a ideologia à frente da realidade, acabaremos a produzir ilusões e não a fazer aquele que é o nosso primeiro dever – melhorar, na medida do possível, as políticas que são viáveis para as pessoas em concreto”.

Por fim, já em jeito de conclusão, Paulo Portas não fugiu ao seu registo habitual, as críticas aparentemente indiretas, mas bem explícitas nas entrelinhas do seu discurso.

“Se acrescentarmos a estes dilemas, que já de por si são difíceis, veremos como, por vezes, o determinismo das esquerdas aqui em maioria, pode ir literalmente em contramão face à economia global e à competição de todos os países com todos ao mesmo tempo que a caracterizam”.

“Os erros que cometermos nestes fundamentais, pagam-se caros, tanto no emprego dos mais novos como na tranquilidade dos mais velhos”, rematou.

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