Passos teve proposta para criação de veículo para crédito malparado
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) propôs em 2011 ao governo liderado por Pedro Passos Coelho o lançamento de um veículo de resolução do crédito malparado, uma solução que não avançou, revelou hoje à Lusa fonte oficial da entidade.
© Reuters
Política APB
"Note-se que a própria APB, em 2011, propôs ao governo de então a constituição de um veículo para a aquisição de crédito malparado, solução que não foi acolhida", afirmou a porta-voz da APB.
"Entretanto, as diferentes instituições financeiras do mercado -- com particularidades distintas - têm vindo a desenvolver um intenso trabalho, ainda em curso, de reparação dos seus balanços, nomeadamente no quadro das novas exigências regulatórias e de supervisão", sublinhou.
Segundo a associação que representa os bancos que atuam em Portugal, "o agravamento da situação económica do país, verificado desde a crise da dívida soberana, provocou um aumento muito significativo dos níveis de incumprimento, em particular nas empresas, onde o rácio de crédito em risco subiu de 6,1%, em 2010, para 19,8% em 2015".
A entidade liderada por Fernando Faria de Oliveira salientou que "esta é uma realidade que se observa, de resto, em vários países da Europa" e que "países como Chipre, Grécia, Irlanda, Eslovénia e Itália apresentavam, em 2014, rácios de incumprimento superiores aos verificados em Portugal".
E destacou: "Nessa medida, vemos naturalmente com agrado que se reflita e se discutam soluções que contribuam para acelerar a recuperação ou a venda dos créditos em mora, promovendo o fortalecimento do sistema bancário europeu".
De acordo com a APB, "tais soluções deverão ser compatíveis com o quadro comunitário e permitir minimizar potenciais perdas de capital".
A APB considerou ainda que "é igualmente indispensável e urgente atuar no sentido da eliminação dos constrangimentos de natureza fiscal, legal e judicial que dificultam a resolução do elevado nível de crédito vencido das empresas".
O primeiro-ministro português, António Costa, defendeu no domingo, numa entrevista à TSF e ao DN, que é "útil para o país encontrar um veículo de resolução do crédito malparado".
"Acho que era útil para o país encontrar um veículo de resolução do crédito malparado, de forma a libertar o sistema financeiro de um ónus que dificulta uma participação mais ativa nas necessidades de financiamento das empresas portuguesas", explicou.
Costa defendeu a necessidade de trabalhar com as instituições regulatórias e com as instituições financeiras nesse sentido.
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