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"Quem comanda de facto este País é o ministro das Finanças"

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, critica, em entrevista à Rádio Renascença (RR) a actuação do Governo no seio da concertação social, o silêncio do Presidente da República e fala numa “luta interna entre o Ministério da Economia e o Ministério das Finanças”. António Saraiva afirma ainda que, e “ao contrário do que todos pensamos”, quem comanda o País “não é o primeiro-ministro Passos Coelho” mas “o ministro das Finanças”, Vítor Gaspar.

Notícias ao Minuto
Notícias Ao Minuto
06/03/2013 13:20 ‧ há 12 anos por Notícias Ao Minuto

Convidado do programa Terça à Noite, da Rádio Renascença, o presidente da CIP, António Saraiva, afirma que Portugal tem hoje “no Governo uma luta interna entre o Ministério da Economia e o Ministério das Finanças” que se “sente diariamente nas relações que temos com o Governo quer na concertação social, quer no conselho Estratégico da Internacionalização”.

“O ministro da Economia [Álvaro Santos Pereira] subscreve um conjunto de ideias, [como] a questão do IRC, para captar investimento estrangeiro [e porque] temos que ter uma política fiscal condizente com essa atractividade, mas esbarra na impossibilidade que o ministro das Finanças [Vítor Gaspar] diz existir. Porque quem comanda de facto este País, ao contrário do que todos pensamos, não é o primeiro-ministro é o ministro das Finanças”, refere.

Questionado sobre o decurso da sétima avaliação ao programa de ajustamento, António Saraiva confessa que, “finalmente, a troika [se mostrou] disponível para reconhecer que há carência de crédito na economia e que as PME (pequenas e médias empresas) têm de ser ajudadas, quando inicialmente dizia que estava viciada em crédito, da mesma maneira que reconhece que tem de existir uma política fiscal amiga do investimento”.

Estas foram, para o presidente da CIP, “duas agradáveis constatações”. Já sobre o prolongamento do prazo para Portugal pagar os empréstimos europeus, o empresário defende que “temos hoje mais legitimidade para pedir esse prolongamento do que tínhamos lá atrás, mas essa necessidade já existia”. Por isso questiona: “Porque é que não [o] exigimos [antes], independentemente de cumprirmos ou de demonstrarmos que somos bons alunos?”.

Se o tivéssemos feito, acrescenta António Saraiva, “teríamos demonstrado que seríamos bons alunos, mas já teríamos exigido os prazos porque eles eram necessários e, provavelmente, [resultariam em] condições de austeridade diferentes porque (…) com um programa de ajustamento diferente teríamos tido outras situações”, e poderíamos ter evitado “encerramentos” de empresas e o “elevado desemprego”.

Nesta entrevista à Renascença, o presidente da CIP refere ainda que o acordo de concertação social ainda se mantém “muito mais por vontade dos parceiros sociais (…) que do Governo, que tem de uma forma errática mantido a concertação social em banho-maria”, salientando que o Executivo “faz isso por inabilidade, porque (…) falta vida e saber de experiência própria aos nossos governantes”.

António Saraiva remata que “hoje os portugueses vivem de uma forma desalentada”, por isso “pedia-se também ao senhor Presidente da República uma actuação mais dinâmica”. “O silêncio de Cavaco Silva chega a ser ensurdecedor em algumas das dificuldades que hoje os portugueses vivem”, frisou, acrescentando que apesar de não defender “um governo de salvação nacional, dever-se-ia saber exigir aos partidos acordos de regime [e] não deixar o livre arbítrio à vontade dos partidos”.

Até porque, “o País não aguenta mais austeridade. Os reformados não suportam mais cortes, os nossos jovens não podem continuar a emigrar e a ter o elevado desemprego que registam, e o desemprego de longa duração não se pode manter. Isto tem de ser alterado. Se não se fizer nada, receio que a conflitualidade social possa ocorrer a qualquer momento se não houver a sensibilidade do Governo de perceber que esta indignação pacífica (…) pode descambar noutras piores manifestações”. E, citando o poeta Miguel Torgal, o presidente da CIP afirma que “nós somos uma colectividade de pacíficos revoltados” mas seremos “pacíficos até quando?”.

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