"A AD [Aliança Democrática] foi uma coisa boa, o PPM trouxe muito elã à AD. Embora não tivéssemos muitos votos, mas tínhamos elã, eu acho que estes dois partidos [PSD-CDS/PP] juntos não têm elã, falta-lhes elã", disse o cabeça de lista do PPM por Lisboa, Gonçalo da Câmara Pereira em entrevista à agência Lusa.
O PPM decidiu avançar sozinho às eleições de 04 de outubro, depois de não ter recebido qualquer resposta da coligação PSD-CDS/PP à pretensão em recriar a AD, que juntou no Governo, em 1980, monárquicos, PSD e CDS.
"Não houve resposta, houve tentativas de adiar sempre as conversações. Eles [coligação PSD/CDS-PP] estiveram sempre à espera das sondagens", considerou, recordando que foi a AD, por iniciativa do PPM, que criou o primeiro Ministério do Ambiente da Europa.
Gonçalo da Câmara Pereira, que se assume como candidato a primeiro-ministro, sublinhou que o PPM "não defende muitas das medidas" do PSD e do CDS/PP, por isso, é que os monárquicos queriam entrar na coligação para "melhorar o projeto".
"Há uma coisa que eles [Governo] fizeram, começaram a dar credibilidade ao país, mas sofremos todos e não vejo o fim do sofrimento, querem prolongar o sofrimento. Fazíamos falta à AD, fazíamos falta com um ou dois deputados na Assembleia da República para tentar mudar aquele paradigma", sustentou.
O PPM, que tem como objetivo eleger a 04 de outubro um deputado pelo círculo de Lisboa, destaca, do seu programa eleitoral, "o reforço da Segurança Social com uma base de sustentação muito forte".
Por isso, os monárquicos propõem que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) passe a assegurar o financiamento da Segurança Social e da Saúde.
"Circulando o dinheiro do Orçamento do Estado pela CGD, a CGD deve passar a gerir os fundos criados para a sustentação da Segurança Social e da Saúde, acho que era uma medida extraordinária", afirmou Gonçalo da Câmara Pereira, frisando que o "lucro da CGD é igual ao défice da Segurança Social".
O candidato do PPM defendeu também a renegociação da dívida pública, a saída de Portugal da moeda única e a descida de impostos, como o IRS, IRC e Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI).
"Neste momento conseguimos ter credibilidade na banca internacional, porque não renegociar a dívida", questionou, referindo não perceber "esta teimosia do Governo".
O candidato disse ainda que "a única hipótese" para Portugal é a "saída do euro lentamente".
Gonçalo da Câmara Pereira afirmou que "a descentralização total para os municípios" seria a primeira medida legislativa que apresentaria caso fosse eleito deputado.
"As câmaras municipais têm que passar a ter mais poderes", disse, defendendo "a descentralização total para os municípios" em áreas como a Justiça, Educação e Saúde.
Na Justiça, o candidato do PPM considerou que o pequeno crime "tem que ser socialmente condenável", defendendo, por isso, que cada câmara deve ter um tribunal de pequena instância para julgar o pequeno crime.
"Um menino que assaltou a casa do vizinho tem que ser condenado socialmente e só pode ser condenado socialmente se for condenado localmente", afirmou, acrescentando que, ao nível da Educação, a gestão das escolas e a formação deviam passar para as autarquias para que a cultura de cada região faça parte do ensino.