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A "política pateta" do PS e o mundo "retórico" do Bloco

António Costa e Catarina Martins debateram, esta segunda-feira, num frente-a-frente na TVI24, as propostas eleitorais, sendo a Segurança Social o tema que despoletou mais divergência.

A "política pateta" do PS e o mundo "retórico" do Bloco
Notícias ao Minuto

22:44 - 14/09/15 por João Oliveira

Política Debate

Começaram amigos, até porque o tema incidia sobre a solidariedade humana. António Costa, líder do Partido Socialista, e Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, abordaram a crise dos refugiados e ambos concordaram que “tanto a Europa como Portugal podem fazer mais”.

A Segurança Social passou a ser o tema em discussão e tudo parecia estar bem. Costa criticou as medidas adotadas pelo Governo durante a troika e Catarina subscreveu “na íntegra” o discurso socialista, até ao momento em que decidiu analisar números. Aí começou a polémica.

“O PS pretende fazer consolidação orçamental, mas através do congelamento, ou seja, na redução das pensões. Esse congelamento que o PS propõe são cortes de 1.660 milhões de euros de redução nas pensões nos próximos quatro anos”, disse a líder Bloquista.

Não esperando o ataque precoce, António Costa jogou em modo defensivo, deixando claro que “é necessário assegurar a estabilidade do sistema” e que, por isso, “não assumimos compromissos que vão além daquilo que responsavelmente sabemos que podemos gastar”.

Seguiu-se a medida proposta pelo PS, a descida da TSU, tema que motivou mais críticas de Catarina Martins, que diz ser uma “medida que não protege a sustentabilidade da Segurança Social, porque o PS promete pensões mais baixas no futuro”.

Sorrindo ironicamente, Costa diz perceber que Catarina o “queira meter no mesmo saco que a direita”, mas voltou a defender-se: “Queremos aumentar o salário mínimo e descongelar contratação coletiva, mas não podemos ignorar a situação em que estão muitas empresas”.

A reestruturação da dívida foi o tema seguinte. Catarina Martins reiterou a ideia de que a dívida “não é sustentável e precisa, por isso, de ser reestruturada”. Caso contrário, diz, “temos de fazer como o PS e ir aos pensionistas e cortar nas pensões para equilibrar as contas do país”.

O objetivo foi deixar António Costa à defesa, mas este não cedeu e contra-atacou. “O Bloco promete tudo a todos”, disse, acrescentando que o partido da Esquerda devia ter aprendido algo com a situação grega.

"Alguém acredita que um governo do Bloco de Esquerda conseguiria aquilo que Tsipras e Varoufakis não conseguiram?", questionou.

Em tom realista, o líder socialista explicou o porquê dessa ideia não ser exequível de forma autónoma. “A reestruturação da dívida é algo que depende de uma negociação. É irresponsável elaborar um programa político que não depende apenas de nós”, indicou.

Com Catarina Martins a insistir na “política pateta” de cortes “disfarçados” do PS, e com António Costa a responder com a “política retórica” e “irrealista” do Bloco, ambos voltaram a convergir no que disse respeito às políticas de privatizações do atual Governo, mas Costa foi quem se adiantou.

“Tenho esperança que o próximo Governo, chefiado pelo PS possa entrar em funções antes de estarem consumadas as privatizações da TAP, Metro Carris e STCP, para evitar algumas decisões que o Governo está a tomar à última da hora”, e aí, Catarina Martins apenas concordou que essas decisões “deixaram o país nas mãos dos chineses”.

Já em jeito de conclusão, Costa foi confrontado com a possibilidade de uma coligação à esquerda. Sem “excluir ninguém”, o líder da oposição refere, no entanto que “a história e experiência de vida não tem sido favorável” para que a coligação fosse possível.

Mudando de tom, já mais amigável, Catarina Martins deixou a proposta ao socialista. “Se o PS estiver disponível para abandonar a ideia de cortar 1.660 milhões de euros nas pensões e os cortes na TSU, no dia 5 de outubro eu cá estarei para conversar sobre um Governo que pode salvar o país”. “Se me disser que sim ou que vai pensar, já valeu a pena o debate. Se disser que não, as pessoas vão saber que pretende ligar a Paulo Portas para prosseguir as suas políticas de cortes”, rematou.

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