O socialista Sérgio Sousa Pinto é claro e direto em relação à crise na Grécia. “Todas as partes envolvidas na negociação têm sido imprudentes, se não mesmo irresponsáveis”, afirma.
“A parte forte – os credores e os seus representantes – tem mais responsabilidades. A primeira vítima desta gravíssima crise é o espírito europeu. Doravante a Europa viverá num ambiente marcado pela desconfiança e pelo medo”, frisa em entrevista ao jornal i.
O membro do Secretariado Nacional do PS atribui culpas aos credores, acreditando que “a solução com a qual a Grécia foi confrontada chutava a batata quente grega para o futuro”.
“Estamos num ciclo perverso sem saída. Isto pode manter vivas todas as ideias intocáveis e caras aos credores mas da perspetiva da Grécia a solução não oferece nada”, adianta.
Num tom crítico quanto à posição de Portugal em relação à Grécia, o socialista afirma que “Portugal, assim como outros países de média e pequena dimensão europeia, está a prestar-se a fazer um discurso anti-grego. Isto é profundamente lamentável e embaraçoso”.
“Se a Grécia deixar de estar na linha da frente da pressão dos mercados sobre o euro, passará a estar Portugal”, alerta Sérgio Sousa Pinto, defendendo que “o problema grego" seja "resolvido com a coragem política que se impõe”.
“Não desejo a saída da Grécia do euro, é uma catástrofe, mas também não pode ser governada por uma junta de credores. É inconcebível. É uma Europa profundamente pervertida no seu ideal fundador. Não é dessa Europa que queremos fazer parte”, refere.
Relativamente ao referendo que acontece no próximo dia 5 de julho, em que Tsipras apela ao voto 'não', o socialista explica que caso fosse ele a votar cumpriria a vontade do primeiro-ministro grego. “Todos estamos no desconhecido”, termina.