"O risco, a meu ver, está naquilo que a proposta assume indiretamente, ou seja, que haverá uma recuperação rápida da Europa que permitirá que as nossas exportações cresçam também rapidamente, a um ritmo superior a 5% ao ano. Aí é que pode estar o risco, se a Europa não crescer e se enredar de novo em políticas de austeridade mal concebidas e mal executadas", destacou o economista, à margem do 7.º Congresso da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), a decorrer em Lisboa.
O também presidente da Associação para a Competitividade da Indústria da Fileira Florestal (AIFF) sublinhou que se trata de um "conjunto de medidas interessante, sólido, bem estudado,que contrastam com a proposta do Governo, também ela sólida, dentro de uma certa visão" e que há, por isso, "condições para que o debate sobre questões económicas melhore nestas eleições".
Ferreira do Amaral assinalou que estão em confronto duas diferentes visões sobre a economia: "as ideias da 'troika'", em que a consolidação orçamental anda "a par com a desvalorização interna dos rendimentos", e em que a recessão é indutora dessa mesma consolidação orçamental, e outra visão em que "é o impulso da atividade económica que permitirá a consolidação orçamental porque dará mais receitas ao Estado e diminuirá as despesas".
O economista considera que as propostas socialistas são exequíveis, mas confessou ter algumas dúvidas quanto ao alcance da redução da Taxa Social Única (TSU) a cargo dos trabalhadores: "Não vejo que haja necessidade disso, mas talvez seja por não estar suficientemente explicada a intenção. (...) Não sei se vale a pena", se puser em causa a sustentabilidade futura das pensões.