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Maria Luís elogia "dedicação" de quem combate mutilação genital

A ministra das Finanças associou-se hoje à cerimónia oficial que assinalou o Dia da Tolerância Zero para a Mutilação Genital Feminina (MGF), em reconhecimento da "dedicação" das pessoas que combatem esta prática.

Maria Luís elogia "dedicação" de quem combate mutilação genital
Notícias ao Minuto

19:33 - 06/02/15 por Lusa

Política Ministra das Finanças

Em declarações à Lusa, no final da iniciativa, que se realizou no Hospital de S. Francisco Xavier, em Lisboa, Maria Luís Albuquerque assumiu estar a utilizar o seu estatuto de "figura pública para dar destaque" a uma prática que viola os direitos de mulheres e meninas em todo o mundo.

"Tenho a sorte de pertencer a um país e a uma geração em que nada me foi negado pelo facto de ser mulher", reconheceu a ministra, frisando que "é importante chamar a atenção para práticas que, no século XXI, se mantêm, num mundo globalizado onde tanto falamos de direitos humanos, de igualdade de direitos".

Realçando que está muito mais preocupada com "o lado humano do que [com] a consequência económica" da violência contra as mulheres, a ministra não deixou de reconhecer que "não aproveitar a competência das mulheres tem, de facto, uma perda económica brutal e é um desperdício que não faz sentido em lado nenhum".

A secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, sublinhou a necessidade de garantir "uma prevenção atempada em famílias de risco", ao mesmo tempo que se reforça o conhecimento sobre a MGF, se forma os profissionais de saúde e os técnicos educativos e se apoia as organizações comunitárias que combatem a prática.

"O país está a progredir de forma notória no conhecimento e na prevenção, mas também avançará seguramente, se for caso disso, na repressão da prática", assegurou.

Na mesma cerimónia, as enfermeiras Isabel Neves e Teresa Figueiredo descreveram o seu projeto de intervenção no concelho de Odivelas, com uma população imigrante significativa e onde a comunidade originária da Guiné-Bissau, único país lusófono listado como praticante de MGF, tem crescido.

"A melhor forma de entrarmos numa comunidade é através da saúde", disse Teresa Figueiredo. "As pessoas têm uma certa abertura para o assunto com os profissionais de saúde", corroborou Isabel Neves, reconhecendo que é "muito mais difícil a intervenção nas comunidades onde as coisas realmente acontecem".

Reconhecendo que os números apresentados "não são reais", pois "existem muito mais imigrantes", mas "em situação irregular", que "não se inscrevem no centro de saúde", Teresa Figueiredo destaca que ajuda o facto de trabalharem numa unidade móvel de intervenção, que não pede identificação a ninguém e faz atendimento gratuito.

"É uma forma de entrarmos naquelas comunidades. Quando ganharem confiança connosco, depois as coisas vão surgir naturalmente", acredita.

Há uns anos, os profissionais de saúde não estavam alertados para a MGF, mas "este movimento de consciencialização tem tido os seus frutos", frisa Isabel Neves.

A Plataforma de Dados da Saúde registava, até à semana passada, 43 mulheres vítimas de MGF a viverem em Portugal. Nenhum dos casos é uma mutilação recente, nem foi praticado em território português, sabendo-se que 74 por cento das 43 mulheres referenciadas são oriundas da Guiné-Bissau e da Guiné-Conacri.

Estima-se que 140 milhões de mulheres tenham sido submetidas à MGF e que três milhões de meninas estejam em risco anualmente. A prática, que causa lesões físicas e psíquicas graves e permanentes, é mantida em cerca de 30 países africanos.

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