O problema da habitação "não é para toda a gente. Quem tiver dois milhões de euros compra uma casa em Lisboa já hoje. O problema é que a esmagadora maioria das pessoas não tem dinheiro para comprar uma casa", afirmou António Filipe.
A chave para resolver a questão, disse o candidato apoiado pelo Partido Comunista Português (PCP), passa por "uma forte intervenção pública", nomeadamente "na regulação do mercado de arrendamento, que limite a especulação do aumento das rendas de casa e que garanta alguma estabilidade no arrendamento".
Investimento direto do Estado na construção de habitação a custos acessíveis e uma supervisão estatal no mercado financeiro para limitar comissões bancárias, evitando "extorsões às famílias", foram outras das soluções trazidas pelo candidato.
António Filipe discursava no debate presidencial organizado pelo Conselho Nacional de Estudantes de Direito, no âmbito do Encontro Nacional de Estudantes de Direito (ENED), que decorreu esta manhã, em Coimbra.
Também presente na ocasião, João Cotrim de Figueiredo defendeu que o problema da habitação está ligado, entre outros fatores, a questões de procura e oferta, sendo necessário construir entre 550 mil a 700 mil fogos novos, embora atualmente no país só sejam erguidas 20 mil casas por ano.
O candidato, que conta com o apoio da Iniciativa Liberal (IL), acrescentou que, apesar de "muitas vezes se mencionar", estrangeiros ou o alojamento local como estando a aquecer o mercado, na realidade estes são "fatores irrisórios".
"Os estrangeiros que compraram casas em Portugal nos últimos 10 anos não devem chegar aos 100 mil e as licenças de alojamento local que hoje existem em Portugal são 92 mil", disse.
Portanto, os dois fatores juntos, "no parque habitacional português, que são cerca de seis milhões e 400 mil fogos", são "uma gota de água".
Ao longo do debate, que não contou com a participação de candidatos presidenciais como Henrique Gouveia e Melo, Luís Marques Mendes, António José Seguro, André Ventura ou Catarina Martins, os candidatos debateram também sobre os obstáculos enfrentados pela juventude.
António Filipe mostrou-se preocupado por menos jovens terem ingressado no ensino superior no ano letivo de 2025/2026, bem como com o descongelamento do valor das propinas e a dificuldade em aceder à habitação.
Para o concorrente à Belém, é preciso um Presidente da República que tenha consciência das dificuldades em aceder ao ensino superior e que "não se conforme" com isso.
João Cotrim de Figueiredo, entretanto, apontou que os problemas dos portugueses estão em todas as faixas etárias.
"Não faz sentido estar a formar uma geração inteira, que não vai por os seus conhecimentos e capacidade ao serviço do país que os formou", sendo preciso atuar conjuntamente em diversas questões, como o emprego, a natalidade e a habitação.
Para o candidato, um Presidente da República "tem o papel de não permitir que estes temas saiam do debate público".
As eleições presidenciais estão marcadas para 18 de janeiro de 2026.
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