Em declarações aos jornalistas, no parlamento, Rui Tavares disse estar escandalizado com as palavras de Passos Coelho, acusando-o de um "enorme descaramento", por "aparecer, estes anos depois, para dizer que tem muita pena dos portugueses que se possam sentir estrangeiros" em Portugal.
"Se há português que não deveria falar de portugueses a sentirem-se estrangeiros porque nenhum na história da nossa democracia pôs tantos portugueses a sentirem-se estrangeiros é precisamente Pedro Passos Coelho", atirou.
O líder do Livre desafiou o ex-líder do PSD a "assumir ao que vem", porque, acrescentou, se "quer voltar ao poder como chefe de executivo ou chefe de Estado" é preciso que "Passos Coelho não acredita em Portugal" ao defender que os portugueses se possam sentir estrangeiros no seu país.
"Ele anda a esconder as suas verdadeiras intenções. Anda a rebaixar um país que sempre soube integrar e é, no fundo, não acreditar na nossa capacidade de, por muita mudança histórica que venha, um país que ainda há 900 anos continuará sendo sempre Portugal, mesmo que possa mudar", acrescentou.
Rui Tavares disse que Passos está a usar um "discurso de duplicidade, de ambiguidade, de hipocrisia", tentando "ocultar o seu legado de ter mandado centenas de milhares de portugueses sentirem-se estrangeiros no estrangeiro".
O líder do Livre afirmou ainda que "apenas gente que não conhece, nem acredita em Portugal" pode concordar com a posição de Passos Coelho, considerando que o antigo primeiro-ministro quer "pôr o tapete vermelho debaixo dos pés de André Ventura, na esperança de que Ventura um dia lhe venha a pôr o tapete vermelho debaixo dos pés".
"Se calhar, também seria bom que assumissem, afinal, que tipo de estratégia é a que andaram todo este tempo a conspirar juntos", defendeu.
Esta quinta-feira, o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho avisou que, se tudo se mantiver como está na imigração, os portugueses se sentirão estrangeiros "na sua própria terra" e acusou o PS de oito anos de inação na matéria.
Na apresentação do livro 'Introdução ao Liberalismo', de Miguel Morgado, em Lisboa, Passos Coelho abordou os dados hoje divulgados pela AIMA, que indicam que o número de cidadãos estrangeiros a residir em Portugal quadruplicou em sete anos, com cerca de 1,5 milhões registados no final de 2024, para salientar que "em muito pouco tempo entrou imensa gente em Portugal".
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