"Naturalmente que o balanço não me satisfaz, mas era previsível atendendo à forma como, de facto, o sistema democrático está a funcionar", disse à Lusa o cabeça de lista do Porto Primeiro (coligação NC/PPM) à Câmara do Porto, Nuno Cardoso, que até ficou à frente do BE, com 2.190 votos (1,90%), mais do que tinha conseguido como independente em 2013 (1.255 votos, 1,08%).
Considerando que a sua lista fez "uma candidatura de alto nível, do nível que o Porto merece" e que falou "de coisas que mais ninguém falou", Nuno Cardoso lamentou que tudo seja "abafado pela espuma do tempo e dos dias em que só se fala de politiquice" que "o povo já não suporta".
Questionado sobre se a bipolarização teve um papel nos resultados, Nuno Cardoso concordou e considerou que "as pessoas fazem mal" em ir pelo "voto útil" ou na escolha do "mal menor", pondo agora fim às suas ambições políticas, após ter sido presidente da Câmara na viragem do século e ter concorrido ao cargo em duas candidaturas.
"Está resolvido. E acho que está resolvido para sempre. Porque, efetivamente, o tempo passa. São 63 anos que tenho. Nunca quis ser um político profissional", frisou, apesar de se ter disponibilizado, nas eleições deste ano, a "dar quatro anos" da sua vida para a cidade.
Frederico Duarte Carvalho, cabeça de lista do ADN, frisou que o partido foi "o primeiro partido sem representação na Assembleia da República" a ficar classificado nas eleições para a Câmara do Porto (363 votos, 0,32%), uma vez que não contabiliza aqui a coligação NC/PPM, que considera "uma muleta" do movimento liderado por Nuno Cardoso.
"Eu tenho este orgulho de ter contribuído para que o ADN tivesse pela primeira vez uma candidatura no Porto", disse, apontando ainda a questões futuras para a cidade como o Metro do Porto, "que agora é Metro PSD, deixou de ser Metro PS", "a questão das torres" da Avenida Nun'Álvares ou "saber se o Edifício Transparente vai ou não ser demolido" como prometeu Pedro Duarte (PSD/CDS-PP/IL), o vencedor das eleições.
Sobre a bipolarização, Frederico Duarte Carvalho considerou que condicionou "extremamente" os resultados, e após Rui Moreira houve "um recomeçar de novo e com os partidos do regime", ficando "atento" a se o social-democrata Pedro Duarte "vai ter mesmo realmente o poder de enfrentar Lisboa ou se vai ser um menino bonito dos amigos".
Já Guilherme Alexandre Jorge, cujo partido Volt (147 votos e 0,13%) registou uma descida face a 2021 (tinha registado 423 votos, 0,42%), disse que "há várias razões que podem explicar esta descida, desde uma maior polarização entre o PSD e o PS, agora que é um final de ciclo em que Rui Moreira já não se podia candidatar" a um quarto mandato.
"Ambos os partidos estavam a dar tudo o que podiam. Ao mesmo tempo, tínhamos o Livre, que é um partido muito próximo de nós, que estava mais forte que nas eleições anteriores e tinha uma grande ambição de eleger o seu primeiro vereador", referiu, considerando que este cenário "puxou um bocado o voto útil e as pessoas que acabaram por votar no Volt foram aquelas que têm apenas uma convicção extremamente firme" no partido.
Pelo PTP, Maria Amélia Costa (62 votos e 0,05%) atribuiu a vitória de Pedro Duarte (PSD/CDS-PP/IL) "devido ao líder nacional o ter ajudado e foi o que de facto incidiu como um fator determinante para que tivesse conseguido os resultados obtidos".
"Todavia também sabemos que para as próximas será diferente e queria deixar de facto os votos de que a luta continuará para que consigamos fazer diferente para o Porto, porque tenho certeza que faríamos diferente", referiu.
A Lusa tentou ainda contactar Luís Tinoco Azevedo, do PLS (291 votos, 0,25%), mas não foi possível estabelecer contacto durante o dia de hoje.
A coligação PSD/CDS-PP/IL venceu as eleições autárquicas de domingo e Pedro Duarte sucede ao independente Rui Moreira como presidente da Câmara.
Contabilizados os resultados das sete freguesias do concelho do Porto, o PSD/CDS-PP/IL recolhe 37,30% dos votos e elege seis vereadores, enquanto o PS se torna o segundo partido mais votado, com 35,57% e outros seis eleitos, e o Chega fica em terceiro lugar, com 8,22% dos votos, e conquista um mandato.
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