"Eu quero que as pessoas digam uma coisa muito simples agora, daqui a uns meses, daqui a um ano: estamos a dar a volta a isto e estamos a dar a volta a isto porque o Livre é decisivo", disse Rui Tavares, no discurso de encerramento da campanha do partido para as autárquicas de domingo, em Gondomar, distrito do Porto.
Numa intervenção de cerca de 30 minutos, o porta-voz do Livre antecipou que nas próximas eleições autárquicas o seu partido terá candidaturas em "praticamente todos os municípios" do país, 308 - sendo que atualmente se apresenta com 49 candidaturas.
Tavares manifestou-se confiante de que o partido "vai ganhar concelhos" nestas eleições e "presidir a freguesias", como Areeiro, Alvalade e Avenidas Novas, em Lisboa, que o Livre quer apresentar como modelo.
"Habituem-se a isto quem ainda não tiver percebido: o Livre é um partido autárquico, essa é a nossa matriz, é a natureza dos partidos verdes europeus como o nosso", insistiu, ideia que foi repetindo ao longo da campanha.
Falando para uma plateia com muitos candidatos do Livre no distrito do Porto, Tavares pediu aos eventuais futuros eleitos que sejam "rijos com um sorriso".
"Vocês a partir de domingo, ao serem eleitos, vão ter que ser rijos algumas vezes. Vai haver algumas conferências de líderes na Assembleia Municipal onde vão tentar dar-vos menos tempo de palavra, reuniões mais difíceis, onde vão tentar fingir que vocês não existem e aí vocês têm que ser rijos, com um sorriso, mas serem chatos", aconselhou Tavares.
O líder do Livre quer que os portugueses sintam que fazem parte de um "movimento vitorioso" e rejeitou que os eleitores de esquerda andem "cabisbaixos" ou "tristes" no atual contexto político, depois de uma viragem à direita nas legislativas de maio.
O deputado pediu "alegria" aos seus militantes, afirmando que é possível fazer política com "beleza", e rejeitando "mártires".
"Não se atrai ninguém se estivermos a dizer «os próximos anos vão ser difíceis, vem resistir connosco»", considerou.
Tavares salientou ainda que o Livre "é um partido que fala a partir de um lugar que é assumido e que nunca enganou ninguém".
"Somos um partido do meio da esquerda. Somos um partido libertário, ecológico, europeísta. Somos um partido progressista mas não falamos para nichos. Nós falamos para toda a gente e nós vamos construir maiorias porque a maioria das pessoas neste país reveem-se nestes valores", afirmou.
Numa intervenção na qual voltou a justificar que o Livre fez alianças à esquerda nuns municípios e noutros preferiu ir sozinho porque existem realidades distintas e porque os eleitores "são inteligentes", Tavares pediu que os eventuais futuros eleitos do Livre sejam "famintos de progresso", "sedentos de mudança", e "vorazes de transformação".
Tavares recordou ainda Gonçalo Ribeiro Telles, que na década de oitenta foi ministro da Qualidade de Vida do VIII Governo Constitucional de Portugal, liderado pelo social-democrata Francisco Pinto Balsemão.
O deputado criticou que no país não se fale de qualidade de vida e se coloquem temas como habitação, transportes ou cultura em "caixinhas" distintas.
Antes, o candidato do Livre ao Porto, Hélder Sousa, defendeu que o Livre se tornou "numa força absolutamente inevitável no poder autárquico local e no futuro de cada cidade do país".
Já o cabeça-de-lista à Câmara de Gondomar, Leonardo Soares, deixou críticas à IL por colar o Livre a "ideias radicais" que definiu como sendo apenas "direitos humanos" básicos.
Além das bandeiras verdes e com papoilas que foram empunhadas pelos militantes presentes no espaço ao ar livre, duas bandeiras da Palestina estavam penduradas de um dos lados do palco, simbolizando a solidariedade do Livre com a causa palestiniana.
[Notícia atualizada às 23h37]
Leia Também: Rui Tavares rejeita que Livre vá sofrer de "abraço de urso" do PS