"Estou muito confiante. Penso que o Bloco de Esquerda fez uma campanha de valores, fez uma campanha de política como ela deve ser (...). No Bloco de Esquerda a política não se faz por favores, a política não se faz por interesse, faz-se por valores, por firmeza de valores. Acho que esse trabalho vai ser reconhecido, que essa vontade e essa garra de estar na política pelo bem comum, vai ser reconhecida e em muitos sítios e em sítios muito diferentes", disse.
Rodeada de militantes, entre bandeiras e panfletos, e a passo lento a cumprimentar quem passava e lhe pedia para gravar vídeos ou tirar fotografias, Mariana Mortágua fez uma arruada na zona do Marquês, no Porto, onde aproveitou para fazer um balanço sobre a campanha autárquica à qual chegou recentemente após ter integrado a missão humanitária da flotilha Global Sumud.
Questionada sobre se teme que essa ausência se reflita nos resultados, a líder bloquista insistiu na confiança nos resultados de domingo: "Antes da minha ida posso dizer que das várias coisas que ponderei antes de integrar a missão humanitária, a contagem de votos nunca foi uma delas. Acho que há outros valores que se sobrepõem e tenho a certeza que no meu partido e fora dele as pessoas reconhecem a importância desta missão muito mais que o Governo. E depois da chegada podemos também confirmar isso mesmo. As pessoas são tão maiores tão maiores que o Governo de Portugal, são tão mais generosas, tão mais solidárias e é isso que eu tenho visto na rua", referiu.
Quanto a leituras nacionais dos resultados, Mariana Mortágua disse compreender que "há sempre leituras nacionais que podem ser feitas" mas, advertiu, "cada cidade, cada município tem as suas especificidades", problemas e condições políticas.
Mariana Mortágua mostrou-se confiante na reeleição de Sérgio Aires, vereador que se recandidata, para que "o Porto tenha voz e uma verdadeira oposição", afirmando que não pondera o cenário de perder a representação.
"Sabemos que a vereação do Bloco de Esquerda no Porto foi a única, a principal, a mais aguerrida oposição ao [atual presidente da Câmara] Rui Moreira. O Porto merece ter esta voz que defenda a habitação, que defenda as pessoas que querem viver na cidade, que querem ocupar a cidade como sua, que querem ser respeitadas, porque viver em segurança é isto", considerou.
Mortágua rejeitou comentar sondagens, frisando que o partido tem "muitas coligações em vários sítios", enquanto em outros "não houve condições para haver essas coligações", mas tem "candidaturas muito fortes", exemplificando: "É o caso do Porto e há outros casos como Coimbra".
"Por isso eu tenho todas as razões para estar confiante no meu partido e na forma como fizeram esta campanha. Hoje mesmo de manhã estava a escrever uma carta aos militantes e aos ativistas do Bloco a agradecer-lhes a campanha fantástica que fizeram ao longo destas últimas semanas (...). Queria que a minha última a palavra fosse sobre esta cidade, sobre o Sérgio, sobre esta candidatura tão forte que nós temos aqui", concluiu.
Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU - coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro - coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto - independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
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