As declarações da candidata às autárquicas de domingo, liderando uma coligação que junta PS, Livre, BE e PAN, foram feitas após a visita à Escola Básica Arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, no Bairro da Boavista, na freguesia de Benfica.
Considerando "inexplicável" e "um erro crasso" que Carlos Moedas, ainda presidente da Câmara de Lisboa e recandidato pela coligação que junta PSD, CDS-PP e IL, não tenha feito projetos para as verbas disponibilizadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Alexandra Leitão disse esperar "ainda ir a tempo de perceber se é possível fazer alguma coisa".
Isto porque "não há melhor investimento" do que a educação e "muitas escolas em Lisboa precisam" de obras de requalificação.
"Se ainda houver alguma coisa do PRR, que infelizmente Carlos Moedas desaproveitou, aí estarei para, logo no início, mal tome posse, perceber com o Governo se ainda é possível mobilizar algumas verbas para isso", reiterou.
Acompanhada pelo socialista Fernando Medina, antecessor de Carlos Moedas na presidência da Câmara de Lisboa, Alexandra Leitão visitou a escola básica, com jardim-de-infância, que está prestes a tornar-se na primeira pública a integrar também uma creche, adiantou Ricardo Marques.
Atual presidente da junta de Benfica, a que se recandidata, "o menino Ricardo", como lhe chamam os mais velhos, cumprimenta toda a gente, regista queixas e pedidos, e apresenta a candidata Leitão como "a futura presidente da Câmara de Lisboa".
"Ter uma escola desta qualidade é visionário", elogiou Alexandra Leitão, dirigindo-se a Fernando Medina, que aprovou a construção do equipamento.
"Queríamos que a escola fosse a melhor coisa que o bairro tem", recordou Fernando Medina, que liderou um executivo de coligação com o BE, aliança que se volta a repetir nestas eleições (desta vez pré-eleições) e que tem sido repetidamente criticada por Carlos Moedas.
Questionado sobre como foi governar a câmara em coligação com o BE, respondeu: "Foi bastante fácil, havia um programa, estava acordado, estava escrito, havia uma partilha de princípios e de medidas, e a partir daí tratou-se de trabalhar em conjunto."
Por isso, é com "tristeza" que vê Carlos Moedas a "falar do radicalismo disto, daquilo e daqueloutro", fazendo "uma campanha polarizada".
"Ele utiliza esse tipo de campanha pela simples razão de que não consegue fazer uma campanha sobre Lisboa", criticou.
"O que é que foi feito? O que é que foi criado, inovado, para resolver o problema das pessoas que aqui habitam", questionou, para logo dar uma resposta: "Não foi nada. E não foi nada aqui [no Bairro da Boavista] e, com tristeza, também não foi nada nos outros sítios. Corremos zonas inteiras da cidade onde [existe] um deserto completo de ideias, de inspiração, de rasgo".
Ora, "quatro anos dá para fazer muita coisa", notou, referindo que a autarquia de Lisboa "está em boas condições financeiras", mas é uma Câmara "incapaz, inoperante", com "uma liderança sem qualquer tipo de inspiração, visão, capacidade de agregação para resolver problemas e uma capacidade de realização nula".
A cidade precisa "muito menos TikTok e bastante mais de obras em escolas", acrescentou.
Sobre o momento escolhido pelo Governo para apresentar o Orçamento do Estado, Alexandra Leitão não se mostrou surpreendida e lembrou que já tinham vindo "a público algumas medidas que, obviamente, têm um objetivo eleitoralista".
Ex-ministro das Finanças, Fernando Medina recordou que a lei determina o prazo da apresentação do Orçamento e que o Governo é que optou por marcar as eleições autárquicas para uma data próxima.
Bem recebido no Bairro da Boavista, pelo qual tem "um particular carinho", Fernando Medina rejeitou dar conselhos para a reta final da campanha, mas deixou "um apelo à concentração do voto na única solução política que pode terminar" com a gestão de Moedas, recordando que o presidente da câmara é quem tiver mais votos e "não há coligações pós-eleitorais para determinar quem é o vencedor".
Nas eleições autárquicas de domingo concorrem à presidência da Câmara de Lisboa: Alexandra Leitão (PS/Livre/BE/PAN), Carlos Moedas (PSD/CDS-PP/IL), João Ferreira (CDU-PCP/PEV), Bruno Mascarenhas (Chega), Ossanda Líber (Nova Direita), José Almeida (Volt), Adelaide Ferreira (ADN), Tomaz Ponce Dentinho (PPM/PTP) e Luís Mendes (RIR).
Atualmente, o executivo municipal integra sete eleitos da coligação "Novos Tempos" - PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança, sete eleitos da coligação "Mais Lisboa" - PS/Livre, dois da CDU e um do BE.
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