Em declarações aos jornalistas durante uma arruada na Avenida da Igreja, em Lisboa, onde esteve acompanhado pelo candidato da CDU à Câmara Municipal da capital, João Ferreira, Paulo Raimundo frisou que o PCP, ao rejeitar integrar uma coligação com o PS, não quis dar "cobertura a uma força que foi conivente, corresponsável" e esteve "enterrada até ao pescoço" na gestão de Carlos Moedas.
"Foi isso que o PS fez durante estes quatro anos. Não íamos ser coniventes com isso", afirmou Paulo Raimundo que, questionado se o PCP nunca ponderou integrar a coligação de Alexandra Leitão, respondeu que o PS "é que nunca ponderou deixar de dar apoio à gestão de Moedas".
"Íamos fazer o quê? Trair toda aquela gente com que estamos a lidar nos bairros, que exige transporte, habitação, as pessoas que sabem que não precisamos de hotéis, precisamos é de mais casas em Lisboa... Era isso que íamos fazer?", perguntou.
O secretário-geral do PCP salientou que "outros podem entender fazer isso", numa alusão a Livre e BE, mas "a CDU não e João Ferreira muito menos, porque ele deu a cara durante estes quatro anos por essa gente toda".
"Ora, aqui há muita coerência, muita convicção e traição à população é que não", disse.
Paulo Raimundo defendeu que a "alternativa para Lisboa está aberta" e é "encabeçada por João Ferreira", considerando que, agora que está aberta, é preciso "alargá-la, alargá-la e alargá-la e, nestas últimas horas que faltam, continuar a alargá-la".
"Porque Lisboa precisa da resposta da alternativa. Não precisa de derrotar Moedas e manter a política de Moedas", afirmou.
Questionado se poderá haver consequências para si enquanto secretário-geral do PCP caso a CDU não consiga manter as 19 câmaras, Paulo Raimundo respondeu: "Se calhar vou ter uma dor de barriga, é o mais certo, talvez uma dor de cabeça".
"Mas a posição é sempre firme aqui, direitinho: combate, rosto erguido, sorriso na cara e contactar com o povo, que é isso que nós gostámos", disse, salientando que o PCP é diferente de outras forças políticas.
"Noutros, rodam cabeças para se manter a mesma estratégia. E aqui as cabeças mantêm-se para se manter a mesma estratégia", referiu.
Durante a arruada, Paulo Raimundo e João Ferreira foram entrando em estabelecimentos comerciais, distribuindo folhetos e, a meio do caminho, o ativista Diogo Faro e a ex-secretária-geral da CGTP Isabel Camarinha integraram a comitiva, composta por algumas centenas de pessoas.
No final da arruada, num pequeno comício já depois do Mercado de Alvalade, Paulo Raimundo abordou uma pergunta que tinha sido feita pelos jornalistas a João Ferreira durante o percurso: se o PCP estaria disponível para conversar com o PS após as autárquicas, caso este vença a Câmara Municipal de Lisboa.
"Vou pegar na deixa do João Ferreira: com quem é que nós vamos falar na segunda-feira? Vamos falar com quem falámos hoje, com os que falámos ontem, com os que falámos nestes quatro anos, com os que falámos durante todo este património de luta e de ação", disse.
Paulo Raimundo disse que o PCP vai falar "com os milhares de moradores nos bairros", os pequenos comerciantes, os bombeiros, os estudantes, a juventude, com "todos aqueles que enfrentam o drama dos despejos", com os moradores e utentes de transportes.
"Vamos falar com aqueles que são gente como nós, e nós somos gente como eles, e que têm direito a uma cidade que responda à sua vida, às suas necessidades", disse, pedindo aos eleitores para, no domingo, "voltarem a afirmar a coragem desta cidade" e votarem na CDU.
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