Em declarações aos jornalistas durante uma arruada na Avenida da Igreja, em Lisboa, Paulo Raimundo considerou que "qualquer passo que seja no sentido do fim do genocídio e da guerra, de um cessar-fogo permanente e da entrada imediata da ajuda humanitária que o povo da Palestina tanto precisa, é sempre positivo".
O secretário-geral do PCP defendeu, contudo, que este "acordo podia ter sido alcançado há muitos meses, não fosse esta vontade de continuar o genocídio em curso por parte de Israel, com o apoio dos Estados Unidos e da própria União Europeia (UE)", e instou Telavive a cumpri-lo.
"Agora o que é preciso é que Israel não volte a fazer o que fez há meses e que cumpra o acordo que, pelos vistos assinou, e que isto se traduza num cessar-fogo imediato e permanente, no fim do genocídio, na entrada da ajuda humanitária e no reconhecimento dos direitos nacionais do povo da Palestina. É isso que se impõe", disse.
Paulo Raimundo pediu ainda que o movimento de solidariedade para com a Palestina que tem havido em Portugal continue, considerando que "é muito importante e ainda mais decisivo no momento" atual.
Pouco depois destas declarações, Paulo Raimundo foi confrontado por um cidadão que lhe perguntou se, do seu ponto de vista pessoal, o Estado de Israel deve existir.
"Israel é um Estado reconhecido e, como tal, deve existir", respondeu o secretário-geral do PCP.
Israel e Hamas anunciaram na quarta-feira à noite um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, primeira fase de um plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egipto, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
Esta fase da trégua envolve a retirada parcial do Exército israelita para a denominada "linha amarela" demarcada pelos Estados Unidos, linha divisória entre Israel e Gaza, a libertação de 20 reféns em posse do Hamas e de 1.950 presos palestinianos.
O cessar-fogo visa por fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 67 mil mortos e cerca de 170.000 feridos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza (tutelado pelo Hamas), que a ONU considera credíveis.
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