"O assunto de quem está na minha campanha... preocupe-se o senhor engenheiro Carlos Moedas com quem está na campanha dele", respondeu, questionada sobre a observação do atual presidente de câmara e recandidato por PSD, CDS-PP e IL de que a coligação Viver Lisboa estaria a "esconder" Mariana Mortágua", que regressou a Portugal no domingo, depois de ter sido detida por Israel, quando seguia numa flotilha humanitária rumo à Faixa de Gaza.
"Vamos discutir Lisboa. Eu bem sei que, para o engenheiro Carlos Moedas, discutir Lisboa é um enorme embaraço, tendo em conta o estado em que a cidade está. Eu sei, eu compreendo, mas isto é uma campanha para a Câmara de Lisboa", ironizou a socialista, que lidera a coligação que junta PS, Livre, BE e PAN.
"Vou com certeza contar com a Mariana Mortágua ao longo do que falta desta campanha", frisou, salientando que a mobilização de pessoas dos vários partidos que compõem a coligação para os vários eventos que acontecem "está na autonomia de cada um desses partidos".
É no "estado em que a cidade está" que o eleitorado se deve concentrar e esse "é inteiramente responsabilidade" do executivo de Carlos Moedas, apontou.
Reclamando "um novo ciclo" para a cidade, Alexandra Leitão rejeitou ainda que a coligação Viver Lisboa tenha feito "um alvo" de João Ferreira, que se candidata pela CDU (PCP e PEV) e poderá dividir o eleitorado à esquerda, recolhendo, segundo as sondagens, cerca de 8% dos votos.
"Se não houver uma maioria absoluta, pois será preciso fazer acordos, negociações, conversar, dialogar. Estarei cá para fazer esses diálogos, se necessário for, com quem for possível, naturalmente que não conto com o Chega, o PCP é uma das possibilidades", sublinhou.
Já sobre o anúncio do Governo, em plena campanha eleitoral, de que aumentará o complemento para idosos, a socialista deu uma gargalhada e comentou: "Não é nada que nos surpreenda."
Alexandra Leitão disse, porém, estar confiante em que os lisboetas "sabem distinguir o que está em causa", recordando que isso é "avaliar quem foi presidente de câmara antes e discutir os programas de quem se apresenta para ser presidente de câmara a seguir".
A propósito das medidas que prometeu concretizar se for eleita, logo no primeiro mês de mandato, a candidata assinalou que são "emergências" e que "30 dias é muito pouco tempo para quem acaba de chegar de novo a um cargo com a complexidade do cargo de presidente da Câmara de Lisboa".
A habitação continua a ser prioridade, mas a resposta "tem que ser realista", sublinhou, justificando que seria "pouco rigorosa" se se comprometesse com "objetivos de habitação para 30 dias".
Ainda assim, destacou, a revisão do regulamento do alojamento local "é uma questão de habitação" e é preciso assegurar a manutenção da suspensão que está em vigor, não permitindo novos registos.
A arruada que atravessou a Rua Morais Soares passou por duas freguesias, Arroios e Penha de França, com um significativo número de nacionalidades entre a população residente e trabalhadora.
Acompanhada pelas deputadas Edite Estrela, Elza Pais e Mariana Vieira da Silva e pelos candidatos às duas freguesias, Alexandra Leitão foi saudada à porta de lojas e mesmo de varandas, dando as "boas tardes" e distribuindo panfletos, demorando-se apenas quando tinham algo para lhe contar.
"No executivo anterior, houve muito pouco diálogo entre as comunidades e muitas das vezes essa ausência de diálogo provoca mais receios, mais medos", notou à Lusa João Jaime, professor candidato a Arroios, preocupado com "um mundo cheio de ódios".
Já a gestora Elisa Madureira tem como primeira preocupação a higiene urbana e quer cuidar o espaço público, se a elegerem para regressar à Penha de França, junta a que já presidiu.
Este foi o dia em que os tambores entraram na campanha, tal como o megafone, que Alexandra Leitão utilizou para agradecer a quem a acompanhou na arruada, parca em palavras, mas com "entusiasmo".
No bolso, levou uma versão do poema "Pedra Filosofal", de António Gedeão, entregue pela simpatizante Inês Andrade: "Temos todos de nos unir para humanizar a cidade e torná-la vivida."
Nas eleições de domingo concorrem à presidência da Câmara de Lisboa Alexandra Leitão (PS/Livre/BE/PAN), Carlos Moedas (PSD/CDS-PP/IL), João Ferreira (CDU-PCP/PEV), Bruno Mascarenhas (Chega), Ossanda Líber (Nova Direita), José Almeida (Volt), Adelaide Ferreira (ADN), Tomaz Ponce Dentinho (PPM/PTP) e Luís Mendes (RIR).
Leia Também: Raimundo diz que PS é cúmplice de Moedas: "Mão em tudo o que é negativo"
