"Em tempos, Luís Montenegro teve uma frase que lhe rendeu muito politicamente em que repetia duas vezes o «não», era «não é não». Agora, nós estamos em eleições autárquicas. Quando Pedro Passos Coelho, ex-líder do PSD, diz que não faz sentido linhas vermelhas que o Chega, ele está a dizer 308 «sins», um para cada concelho, para cada município em Portugal", criticou Rui Tavares.
À margem de uma ação de campanha para as eleições autárquicas de domingo, no centro de Braga, Tavares foi questionado sobre as palavras do antigo primeiro-ministro social-democrata de que não devem existir linhas vermelhas com o Chega sobre eventuais entendimentos autárquicos.
Entretanto, o presidente do PSD disse hoje, em Évora, que "é ruído" introduzir na reta final da campanha o tema da governabilidade pós-eleições autárquicas, considerando que essa será uma decisão para os eleitores no próximo domingo.
Tavares salientou que é conhecido que "Passos Coelho nunca achou que houvesse, na verdade, qualquer fronteira com o Chega" e considerou que o partido liderado por André Ventura "nasce a partir do passismo".
"Mas tão grave quanto essa declaração, que ao menos só tem uma vantagem da sua franqueza, é o facto de Luís Montenegro estar a procurar ocultar a importância que ela tem", criticou.
Para Rui Tavares, "é preciso, nos dias que faltam até às eleições autárquicas, que Luís Montenegro esclareça se a mensagem que está a dar para o PSD nos 308 concelhos deste país é que Passos Coelho já disse o que tinha a dizer e Luís Montenegro faz de conta que não tem importância nenhuma, quando tem toda a importância".
O líder do Livre antecipou que o presidente do PSD vai "encanar a perna à rã até haver um momento em que já não precise de falar deste assunto".
"Quando os votos já estiverem na urna, aí é que as coisas se revelam", avisou.
Interrogado sobre o facto de PSD e Chega não concorrerem coligados em nenhum município, Tavares respondeu que isso não o surpreende porque depois "entendem-se para governar".
Tavares advertiu que o país pode começar a ter pelo país "executivos que estão obcecados com a compressão dos direitos dos trabalhadores, que, no caso da IL, acham que os funcionários públicos são para despedir, incluindo os funcionários públicos municipais, e executivos que são excludentes, que estão contra os trabalhadores, no caso de eles serem estrangeiros".
"Isso significará, cidade a cidade, um tipo de política extremada, desequilibrada, enviesada. Portugal não precisa de uma política mais polarizada, não precisa de uma política de divisão e de ódio", sustentou.
O deputado apelou para que os eleitores elejam vereadores e presidentes à esquerda "para precisamente contrariar uma vaga que começou nas legislativas e que nós temos de conter nestas autárquicas sob pena do país ficar completamente enviesado".
Sobre Braga, onde o Livre candidata Carlos Fragoso à Câmara Municipal, Rui Tavares salientou que o partido cresceu neste distrito nas legislativas a decidiu avançar sozinho por não ver "no restante panorama político municipal a dose de ambição" necessária.
Numa breve passagem pelo centro de Braga, Rui Tavares cruzou-se com alguns bracarenses mas não só: encontrou um conjunto de estudantes de Timor-Leste com quem aproveitou para falar Tétum e Macassai, duas línguas faladas naquele país.
Também foi até ao café "A Favorita" onde comeu alguns salgados, especialidade da casa, antes de regressar a Lisboa.
O executivo municipal de Braga é atualmente composto por seis eleitos da coligação Juntos por Braga (PSD/CDS-PP/PPM), quatro do PS e um da CDU.
Concorrem à liderança da Câmara Municipal de Braga João Rodrigues (coligação Juntos por Braga - PSD/CDS-PP/PPM), António Braga (coligação Somos Braga - PS/PAN), Filipe Aguiar (Chega), Rui Rocha (IL), Ricardo Silva (movimento independente Amar e Servir Braga), João Baptista (CDU, coligação que junta PCP e Os Verdes), António Lima (BE), Carlos Fragoso (Livre), Francisco Pimentel Torres (ADN) e Hugo Varanda (MPT).
[Notícia atualizada às 21h02]
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