Em Évora, à margem de uma iniciativa de campana autárquica, Luís Montenegro foi questionado sobre declarações do ex-líder do PSD Pedro Passos Coelho, de que não devem existir linhas vermelhas com o Chega sobre eventuais entendimentos autárquicos.
Montenegro começou por dizer não ter qualquer problema em ouvir a opinião quer dos adversários políticos -- quando questionado sobre o desafio de José Luís Carneiro de conversar mais com o PS -, quer dos "companheiros de partido".
"Eu ouço as suas opiniões, mas nós temos as nossas. Nós temos as nossas convicções, o nosso sentido estratégico e apresentamo-nos às eleições autárquicas para ganhar e governar, ter condições de governabilidade que serão, em primeira mão, dadas pelo povo", defendeu.
Perante a insistência dos jornalistas se vai ou não traçar uma linha vermelha aos candidatos do PSD quanto a entendimentos pós-autárquicos com o Chega, como fez o PS, respondeu: "Não vale a pena quererem introduzir ruído no nosso foco".
"É ruído, é ruído completo, porque nós estamos focados em dar soluções aos problemas que as pessoas querem em cada freguesia ver resolvidos, em cada município. Já agora também, como presidente do PSD, não posso deixar de dizer que nós também estamos focados nisso a nível governativo", afirmou.
Questionado diretamente se as palavras de Pedro Passos Coelho também eram ruído, o líder disse querer ser direto, pedindo que se respeite a sua opinião.
"Nestes dias, o que compete aos candidatos do PSD é apresentar os seus projetos, as suas soluções para os reais problemas das pessoas (...) Tudo o resto é para politiquês, não é para reforçar a ligação com as pessoas.
Sobre o desafio do líder o PS para que fale mais com os socialistas e menos com o Chega, Montenegro disse não ter "a ousadia" de aconselhar José Luís Carneiro.
"Não tenho a ousadia de o estar a aconselhar, porque presumo que cada um tem convictamente definidas as suas prioridades e seus objetivos, é isso que acontece comigo", disse.
As declarações de Pedro Passos Coelho foram feitas numa iniciativa da campanha autárquica do candidato do PSD em Sintra, Marco Almeida.
O líder do PSD foi também questionado se concorda com A necessidade de rever a lei eleitoral autárquica, como defendeu o secretário-geral do PS.
"Nós no PSD já apresentámos em mais de uma ocasião projetos de alteração, quer DE aprofundamento das competências, quer também do modelo de governação, mas isso deve ter como objetivo apenas e só uma maior capacidade de gestão e de resolução dos problemas no âmbito da esfera de intervenção dos municípios", referiu.
No entanto, Montenegro considerou que "a três ou quatro dias das eleições não é o momento adequado para fazer isso".
"No momento seguinte ao ato eleitoral os partidos podem e devem perspetivar para futuro, para outros ciclos eleitorais autárquicos, esse tipo de alteração", considerou.
No âmbito da campanha autárquica, Luís Montenegro passou hoje de manhã por Vendas Novas, onde manifestou a ambição de vencer pela primeira vez, e por Évora.
À conversa com o candidato Henrique Sim-Sim, apoiado por PSD, CDS-PP e PPM, Montenegro disse ambicionar vencer nas três capitais de distrito do Alentejo: Évora, Beja e Portalegre.
Do candidato, recebeu a promessa de que lhe oferecerá uma samarra alentejana se vencer, na loja que Montenegro já visitou duas vezes em campanha, mas de onde saiu sempre de mãos vazias.
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