"Não vou dar mais para esse peditório, os ativistas já fizeram o seu número, já pararam em Ibiza, já pararam na Tunísia, chegaram a Israel e passados dois dias foram devolvidos a casa. Já fizeram a sua coisa panfletária", declarou esta manhã Nuno Melo, também ministro da Defesa, em Ponte de Lima.
Estas afirmações de Nuno Melo motivaram reações de vários dos líderes partidários envolvidos em ações de campanha para as eleições autárquicas do próximo domingo.
Os quatro ativistas portugueses que se dirigiram a Gaza, mas que foram detidos por forças israelitas -- entre eles, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua - chegaram domingo à noite a Lisboa.
E foi precisamente a questão do rápido regresso a Portugal dos quatro ativistas pró-palestinianos que Luís Montenegro destacou em declarações aos jornalistas, quando se encontrava em campanha em Vieira do Minho.
"O Governo fez tudo aquilo que estava ao seu alcance para que os portugueses pudessem ser repatriados o mais rápido possível, num clima de normalidade e tranquilidade. E creio que foi isso que aconteceu", sustentou o presidente do PSD, que também secundarizou diferenças em relação ao CDS no que respeita ao conflito israelo-palestiniano.
O primeiro-ministro defendeu então "o equilíbrio da posição do Governo" quanto à questão de Gaza, e considerou ser necessário que todos se "saibam respeitar uns aos outros e que não haja extremismo na forma como se expõem as ideias e as opiniões".
Pela parte do PS, o secretário-geral, José Luís Carneiro, em campanha pelo distrito de Aveiro, manifestou-se satisfeito por os ativistas portugueses "terem chegado bem de saúde", mas procurou relativizar a controvérsia em torno da sua missão a Gaza, alegando que os portugueses "têm preocupações profundas" sobre outros assuntos. Em contraponto, atacou o Governo por insistir na revisão das leis laborais e aconselhou o primeiro-ministro a ouvir mais o PS e menos o Chega.
Ao contrário do líder do PS, o porta-voz do Livre, Rui Tavares, falando em Gaia, numa ação que também juntou o Bloco de Esquerda, destacou a questão do regresso a Portugal dos ativistas e criticou Nuno Melo, lembrando que desempenha as funções de ministro da Defesa.
"Devia ter mais tento e menos traulitada", declarou -- uma posição partilhada pela dirigente bloquista Marisa Matias que considerou que Nuno Melo "não tem a sensibilidade de perceber as suas funções" de ministro da Defesa, colocando em causa os esforços da diplomacia portuguesa.
No Porto, o secretário-geral do PCP saudou a chegada dos ativistas portugueses que integraram a flotilha destinada a Gaza e pediu que mobilização da população portuguesa pela Palestina continue.
A presidente da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, voltou a sugerir que a coordenadora do Bloco sabia desde o início da sua missão que não conseguiria levar ajuda humanitária a Gaza.
"Estivemos muito tempo a assistir ao desenvolvimento da viagem quando o foco deve estar nos avanços que estamos a fazer ao nível internacional" para obter "acordos de paz que permitam resolver o conflito naquela zona" e libertar "a Palestina do Hamas", afirmou Mariana Leitão, em campanha em Leiria.
Na Moita, distrito de Setúbal, o presidente do Chega, André Ventura, acusou a coordenadora do Bloco, Mariana Mortágua, de vitimização, mas o seu alvo principal foi o Governo por ter ido receber os ativistas que integraram a flotilha humanitária Global Sumud.
"Depois de uma palhaçada destas, temos o secretário de Estado a ir para o aeroporto para receber estas pessoas. Só nos falta mesmo um dia irmos receber terroristas ao aeroporto ou à estação de Santa Apolónia", afirmou.
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