Luís Montenegro reagiu às acusações de Mariana Mortágua que, ao chegar a Lisboa, este domingo, depois de ser detida por Israel, acusou o Governo de inação em relação à situação dos palestinianos na Faixa de Gaza.
O líder do PSD, em campanha em Vieira do Minho, começou por afirmar que o Governo é defensor “da consagração de dois estados que convivam, sem extremismos, sem terrorismo, sem violência, sem guerra".
Prova disso, defendeu, é que “Portugal esteve na linha da frente do movimento de reclamação do respeito pelo direitos humanos, pelo direito dos que estão a ser injustamente penalizados por um conflito há demasiado tempo”.
“Nós queremos fazer parte da solução”, garantiu, lembrando que “interviemos há ano e meio para garantir que a Autoridade Palestiniano tinha o regime de membro de pleno direito na Assembleia das Nações Unidas” e elogiando “a posição de equilíbrio e alinhamento” de Portugal com outros países, como é o caso da França, Canadá ou Austrália.
“Agora há sempre o lado dos extremos, há sempre posições antagónicas e de crítica”, atirou em resposta a Mariana Mortágua, referindo que “aqueles que reclamam uma posição do Governo, a verdade é que quando contribuíram para a vontade do Governo, caso do BE que esteve coligado com o PS, não fez nada”.
O primeiro-ministro afirmou ainda que o Governo português fez tudo para repatriar os ativistas detidos por Israel "com normalidade" e rapidez".
"A verdade é que o Governo fez tudo aquilo que estava ao seu alcance, para que os portugueses pudessem ser repatriados o mais rápido possível, num clima de normalidade e tranquilidade. E creio que foi isso que aconteceu", disse Luís Montenegro.
Confrontado com a posição que o presidente do CDS-PP e seu ministro, Nuno Melo, disse hoje em Ponte de Lima - que não vai "dar mais para o peditório" do que apelidou de "número" por parte dos ativistas portugueses da flotilha humanitária - Montenegro respondeu apenas que o Governo, apesar de ser compostos por vários partidos, mantém uma posição "forte e coesa".
Sublinhe-se que Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves aterraram em Madrid para uma escala rápida antes de regressarem a Lisboa.
Os quatro portugueses foram detidos na noite de quarta para quinta-feira passada, quando as forças israelitas intercetaram as cerca de 50 embarcações da Flotilha Global Sumud, que pretendia entregar ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, que integrou a Flotilha Global Sumud, acusou Israel de ter inventado "um crime" para que fosse detida e garantiu que "nunca" o admitiu perante as autoridades.
"Eles inventaram um crime, mas nós nunca admitimos e saímos do país", disse, em declarações à RTP3, no aeroporto de Madrid, Espanha, quando questionada se tinha difícil reconhecer que cometeu um crime ao entrar "ilegalmente" no território.
Já em declarações ao Now, a deputada revelou que os detidos foram "maltratados" na prisão, estando "várias horas em celas ao sol".
"Mudaram-nos de sítio muitas vezes, fomos algemados várias vezes", contou.
Ainda assim, mostrou-se satisfeita por terem "ficado um pouco mais perto de quebrar o cerco humanitário a Gaza" e garantiu que a "flotilha vai continuar".
[Notícia atualizada às 12h57]
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