"O que eu acho é que a Mariana Leitão deveria falar de autárquicas, deveria dizer quais são os seus compromissos. E ao entrar por esta lógica de ataques que já não são de conteúdo, já são de caráter, bem, aí está a desviar o assunto para não ter de falar nas suas propostas autárquicas", argumentou Rui Tavares, em declarações aos jornalistas à margem de uma iniciativa no concelho da Amadora, distrito de Lisboa.
Depois de esta manhã Tavares ter acusado a presidente da IL de desespero e exigido um pedido de desculpas pela liberal ter responsabilizado o seu partido de incentivar "atos de vandalismo" após uma manifestação pró-Palestina em Lisboa, Mariana Leitão devolveu que o porta-voz do Livre tem um "discurso sonso", por defender políticas de "esquerda radical" ao mesmo tempo que quer convencer os eleitores de que não é extremista.
Rui Tavares salientou que "toda a gente" sabe que uma das principais propostas da IL é baixar impostos, mas advertiu que "menos impostos significa menos recursos para as câmaras municipais" e "é preciso explicar como é que se faz, o que se tem que fazer se temos menos recursos".
"Depois, mais recentemente, agregaram uma segunda proposta: despedir funcionários, ter coragem de despedir funcionários públicos. Bem, é preciso dizer quais. Também é preciso coragem de dizer que funcionários públicos é que se vai ter a coragem de despedir", argumentou.
Tavares confessou ter pena que o diálogo com a líder liberal tenha subido de tom nas últimas horas, sublinhando que sempre teve "diálogos vivos" com anteriores presidentes da IL mas que foram "de conteúdo" e não "de caráter".
O deputado considerou até "curiosa" a atribuição de "sonso" que lhe foi dirigida.
"Chama-se sonso a uma pessoa quando aquela pessoa diz qualquer coisa de sensata, correta, mas se imagina que deveria ter dito outra coisa que desse mais jeito. Portanto, a Mariana Leitão, pelos vistos, perante coisas que eu digo que são sensatas e corretas, gostaria que eu tivesse dito coisas insensatas e incorretas", ironizou.
Rui Tavares recusou entrar "num tipo de diálogo" que desviaria as eleições autárquicas "do essencial" e salientou que o seu partido critica a IL no campo das propostas.
O Livre quer saber "quanto cantoneiros, quantos funcionários administrativos" a IL quer despedir e se essa proposta consta de acordos de coligação dos liberais.
"Isto são discussões sobre conteúdo, não são de caráter. Mas estávamos a fazer esta discussão quando, de repente, inopinadamente, a Mariana Leitão decide associar o Livre a atitudes, gestos, comportamentos, até já fora de manifestações, dos quais o Livre sempre se dissociou e nunca endossou", insistiu, considerando que "nem a Mariana acredita no que está a dizer".
"De caminho", Rui Tavares aproveitou para deixar uma farpa à coligação integrada pela IL, PSD e CDS-PP à Câmara Municipal de Lisboa, encabeçada por Carlos Moedas, querendo saber porque é que a IL se associa a alguém como Carlos Moedas, "que não apanhou o lixo, nem tapou os buracos, nem iluminou as ruas, mas, pelos vistos, é o funcionário do mês e merece ser reconduzido".
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