Pelas 09h30 da manhã, cerca de uma dezena de apoiantes da coligação "Futuro em Comum", que junta Livre, BE e PAN à autarquia de Cascais, juntaram-se hoje à porta do recinto da Feira da Adroana, em Lisboa.
Enquanto o porta-voz do Livre Rui Tavares aguardava pela chegada da dirigente do BE Marisa Matias, várias bandeiras verdes, azuis e vermelhas com o símbolo da coligação CDU, que junta PCP e PEV, chegaram ao mesmo local.
Tavares aproveitou o compasso de espera para cumprimentar Carlos Rabaçal, candidato à autarquia pela coligação comunista e, momentos depois, foi abordado por Eva Brás Pinho, deputada do PSD no parlamento, que surgiu com uma camisola de apoio a outra coligação: "Viva Cascais", que junta sociais-democratas e CDS-PP e é encabeçada por Nuno Piteira Lopes.
Usando camisolas azuis, e com uma aparelhagem ruidosa, os apoiantes sociais-democratas e centristas, na sua maioria jovens, animaram o ambiente e entraram no recinto da feira, com a música ainda a fazer-se ouvir enquanto Tavares e Marisa Matias faziam declarações à imprensa.
Em território de direita, onde o autarca Carlos Carreiras termina o seu último mandato, Tavares defendeu que Cascais "precisa de ter uma política que seja mais plural e também mais equilibrada".
"Temos tido uma política em Portugal que está mais enviesada à direita desde as últimas eleições do 18 de maio e o que nós temos que fazer é, em campanha eleitoral, reconhecendo a legitimidade do voto de eleições passadas, pedir aos eleitores para reequilibrarem a política e termos uma política que seja mais progressista", apelou.
Tanto o porta-voz do Livre, como a dirigente do BE Marisa Matias, manifestaram-se confiantes na eleição de Alexandre Abreu, que encabeça a lista da coligação à câmara, e de Safaa Dib, 'número um' para a Assembleia Municipal.
Interrogada sobre se estas eleições autárquicas assumem particular importância para o BE após uma série de resultados eleitorais mais desfavoráveis, Marisa Matias respondeu que "todas as eleições são importantes".
"O cenário político do país está em reconfiguração e temos a obrigação, creio que a nível local também, que é o nível de maior proximidade com as populações, de apresentar soluções para os problemas que as pessoas estão a enfrentar", alertou.
Finalizadas as declarações, Tavares e Marisa Matias seguiram à caça de votos pelo recinto.
Logo à entrada, 'esbarraram' contra outra comitiva, desta vez do PS, com Tavares a cumprimentar Marcos Perestrello, vice-presidente da Assembleia, que lhe perguntou em tom de brincadeira se queria um folheto dos socialistas, onde se candidata João Ruivo.
Mais à frente, ao olhar para o folheto da coligação, com a cara de Alexandre Abreu, uma das freguesas confessou a Marisa Matias: "Ontem disse ao meu marido, vou votar neste rapaz que ele é bonito".
"Não questionamos as razões", gracejou Marisa Matias.
Tavares seguiu caminho e cruzou-se com a banca de Anacleto, um vendedor cigano que não poupou nas críticas ao Chega e a André Ventura.
"Vamos apanhar o autocarro dos ciganos, vou para a minha terra, não sei qual é, mas pode ser que ele saiba", ironizou.
Anacleto, que disse estar em Portugal "há dez gerações", acusou Ventura de "não ter respeito por ninguém" e deu como exemplo as várias comitivas que estavam presentes na feira.
"Isto é que eu gosto de ver, isto é que é democracia. Agora ele está quatro horas na televisão para mostrar que é bom", criticou, com Tavares a concordar que Ventura incita à divisão.
Ao longe, ouviam-se adaptações de cânticos habitualmente entoados em estádios de futebol, vindos dos 'camisolas azuis' apoiantes da coligação PSD/CDS.
Não tardou até Tavares se cruzar com Nuno Piteira Lopes, que cumprimentou e a quem disse "Viva a República!", uma vez que hoje se assinala o 115.º aniversário da implantação da República.
"Saudações democráticas, saudações democráticas, saudações democráticas", ouviu-se em uníssono, vindo da comitiva jovem do PSD/CDS, que rodeou Rui Tavares, já mais distanciado da sua comitiva.
"Consigo ouvir um 'Viva a República!'"?, desafiou Tavares, que foi brindado pelos jovens com o cântico pedido antes de seguir direto para a cerimónia comemorativa do 05 de Outubro, por ser vereador na capital.
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