Já depois de o primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro, ter garantido, em Chaves, que "o Governo não interveio em nenhum ato" que possa ser entendido como venda de armamento militar a Israel, também Nuno Melo se pronunciou sobre o tema, considerando-se alvo de mentiras.
"Para mim é impressionante que uma notícia que é falsa na substância possa ter feito o seu caminho durante 24 horas, a propósito daquilo que não passa por mim, porque não tem nada que ver com a Defesa Nacional, criando perceções erradas nas pessoas para que, se calhar, no fim do dia se estranhe que os extremismos crescem", declarou o presidente do CDS-PP e ministro da Defesa, numa ação de campanha em Viseu.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) reconheceu na quinta-feira uma falha de procedimento, a nível interno, quando não foi informado pelos serviços de que aviões norte-americanos F-35 com destino a Israel iriam passar pela base das Lajes, nos Açores.
A falha, de acordo com o Governo, não permitiu que houvesse um alerta para um nível político que possibilitasse a tomada de uma decisão de oposição.
"Se o senhor primeiro-ministro não consegue dizer nada de bom acerca desta situação, ao menos que não insulte a inteligência das pessoas e não vá dizendo que é diferente. Agora, vai-me dizer que é diferente termos vendido uma pistola ou deixarmos passar um caça F-35, que é uma das armas mais letais do mundo", criticou hoje o porta-voz do Livre.
Rui Tavares falava à margem de uma ação de campanha em Loures, na qual esteve acompanhado de Marisa Matias, que está a substituir a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua.
"O que está em causa, a confirmar-se, é que, já depois de todas as avaliações dos crimes cometidos contra a humanidade pelo Estado de Israel, [...] uma ação ou uma omissão do Governo nos possa ter colocado na lista de cúmplices com o genocídio que está a acontecer", salientou Matias.
Já durante a tarde, numa arruada em Lisboa, o secretário-geral do PCP acusou o primeiro-ministro de estar numa "trapalhada", considerando que, se acha que aviões F-35 não são de guerra, é porque "está tudo ao contrário".
"Há uma coisa que sabemos: não são aviões para apagar os incêndios em Portugal, nem em Israel, nem nos Estados Unidos. Bem precisávamos", ironizou Paulo Raimundo.
Embora a justificação do Governo não tenha bastado para estes três partidos, foi suficiente para a presidente da Iniciativa Liberal.
"Esse assunto já foi explicado" e "foi assumido um erro, eventualmente um erro administrativo", disse Mariana Leitão aos jornalistas, à margem de uma ação de campanha em Faro, na qual também se mostrou confiante de que a proposta de Orçamento do Estado incluirá contributos do seu partido.
Também no Algarve, mas em Olhão, André Ventura preferiu abordar outro tema, prometendo que os autarcas do Chega que forem eleitos em 12 de outubro vão retirar as casas do Estado a todas as pessoas com cadastro e redistribuir rendimentos.
"Em mais de 65% dos municípios há casas entregues a cadastrados, traficantes de droga, criminosos e violentos", afirmou o líder do Chega.
Já o líder do PS, José Luís Carneiro, só iniciou a agenda do sexto dia de campanha ao final da tarde, num comício na Lourinhã (distrito de Lisboa), rumando depois a Santarém.
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