O cabeça de lista do PS lembrou ainda que os eleitos do PSD também apresentaram uma queixa por suspeita de irregularidades naquela câmara durante a vigência de Dores Meira.
"Aquilo que existiu foi uma participação, em 2023, por parte dos vereadores do Partido Socialista, relativamente a suspeitas de má gestão [de Maria das Dores Meira] na Câmara Municipal de Setúbal e que nada tinha a ver com aquilo que viemos a ter conhecimento pelo jornal Público, que tem a ver com a utilização indevida de viatura própria", disse à Lusa Fernando José.
Segundo o candidato e atual vereador socialista na autarquia sadina, Maria das Dores Meira, ex-autarca da CDU e candidata independente à Câmara de Setúbal, com o apoio do PSD e do CDS-PP, terá recebido do município o pagamento de despesas de deslocações de 2.000 quilómetros por mês, que não fez.
"Todos os meses, [Maria das Dores Meira] faria, supostamente, dois mil quilómetros em viatura própria, que não os fez, que claramente não os fez. Portanto, não existe nenhum conluio. O próprio PSD, os vereadores do PSD, apresentaram também uma participação no Ministério Público", disse Fernando José, defendendo que o atual presidente da Câmara de Setúbal, André Martins (CDU), também deveria ter atuado no mesmo sentido.
Num comício realizado na quinta-feira, Maria das Dores Meira acusou de "conluio" o atual presidente do município e candidato da CDU, André Martins, e o candidato do PS, Fernando José, responsabilizando-os pelas acusações de que está a ser alvo pela alegada utilização abusiva dos cartões de crédito do município e recebimento indevido de ajudas de custo naquele que foi o seu último mandato autárquico em Setúbal (2017/2021).
No que respeita à campanha eleitoral, o candidato socialista Fernando José acredita que a recetividade dos setubalenses pode ser um bom prenúncio para o dia das eleições e defende a necessidade de mudança.
"É preciso mudar esta inércia na Câmara Municipal. Basta sair um pouco da Avenida Luísa Todi para perceber que os bairros estão completamente abandonados e, portanto, a descentralização de competências, transmissão de competências para as freguesias, não está a funcionar", disse.
Para Fernando José, também é necessário "requalificar equipamentos municipais que estão completamente ao abandono".
"Não podemos continuar a ter uma gestão da Câmara Municipal que compra, por exemplo, o Ima Park por 5 milhões de euros e o deixa ao abandono, sem ali fazer nada. Estamos todos a pagar. Com esses 5 milhões de euros podíamos ter tomado outra opção, podíamos ter construído casas para os nossos jovens, para a classe média", defendeu.
"Mas depois temos também a Praça de Touros Carlos Relvas completamente ao abandono. Em Elvas foi possível requalificar, transformar [a Praça de Touros] num espaço desportivo e cultural. E aquilo que nós temos é que, em Setúbal, continuamos com aquele espaço, que custou um milhão e meio de euros, ao abandono. Não pode ser", acrescentou Fernando José, que alertou ainda para o alegado endividamento da Câmara Municipal de Setúbal, no valor de "59 milhões de euros".
Nas eleições autárquicas de 12 de outubro, além de Fernando José, são candidatos o atual presidente da Câmara de Setúbal, André Martins (CDU - coligação PCP/PEV), Maria das Dores Meira, independente apoiada pelo PSD e pelo CDS-PP, António Cachaço (Chega), Daniela Rodrigues (BE), Flávio Lança (IL), André Dias (Livre), Cláudio Fonseca (ADN) e Mariana Crespo (PAN).
A CDU, que obteve 34,4% dos votos nas eleições autárquicas de 2021, governa a Câmara de Setúbal com uma maioria relativa, dado que tem apenas cinco eleitos. O PS (27,67%) tem quatro eleitos e o PSD (16,57%) apenas dois.
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