À margem de uma iniciativa autárquica na Nazaré, Luís Montenegro falou aos jornalistas sobre a situação dos ativistas portugueses detidos em Israel.
"Nós estamos a fazer tudo para acompanhar a situação, para contribuir para que eles possam regressar ao nosso território o mais rápido que seja possível. A última informação de que disponho é de que a nossa embaixadora em Telavive estará neste momento, não posso precisar se exatamente agora, mas por esta altura, a contactá-los diretamente com vista a agilizar precisamente este procedimento", afirmou,
Questionado se tem alguma perspetiva de quando é que poderão regressar a território nacional, o primeiro-ministro salientou que são mais de 400 as pessoas na mesma situação.
"Podemos ter aqui alguma compreensão para um certo atraso, ou pelo menos uma velocidade não tão elevada como gostaríamos, mas a minha perspetiva é que muito rapidamente esse assunto possa estar ultrapassado e que haja condições para haver um regresso tranquilo, normal", disse.
Montenegro disse não se querer imiscuir "na estratégia e nos objetivos" destes ativistas, mas reiterou que considera que propósito desta iniciativa, que "é de natureza política também", "está realizado".
"Eles queriam alertar o mundo e também as opiniões públicas e os governos para uma situação que é concreta, que é real, relativamente à dificuldade em fazer-se chegar ao território de Gaza a ajuda humanitária (...) creio que foi uma ação de protesto que já ficou com a sua mensagem bem vincada", disse.
Questionado se se identifica com as palavras do ministro da Defesa, Nuno Melo, que considerou que este tipo de iniciativa como um apoio ao Hamas, Montenegro disse não as conhecer nem comentar declarações de membros do Governo.
"Relativamente à responsabilidade do governo português, nós, até o momento em que a embarcação foi intercetada, fizemos um acompanhamento próximo com governos com os quais temos uma relação estreita, em particular o governo italiano", disse, acrescentando que depois foi feito um apelo a que não se chegasse ao ponto que levou à intervenção das autoridades israelitas.
"Agora que essa intervenção ocorreu, a nossa obrigação é colocar o nosso dispositivo consular no terreno, em contacto com os próprios, com as suas famílias através do Ministério dos Negócios de Estrangeiros, e com as autoridades israelitas para procedermos a um repatriamento mais rápido possível", disse.
As forças israelitas intercetaram na noite de quarta-feira para quinta-feira a Flotilha Global Sumud, com cerca de 50 embarcações, que se dirigia à Faixa de Gaza para entregar ajuda humanitária, detendo os participantes, incluindo quatro cidadãos portugueses: a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves.
Também foram detidos 30 espanhóis, 22 italianos, 21 turcos, 12 malaios, 11 tunisinos, 11 brasileiros e 10 franceses, bem como cidadãos dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, México e Colômbia, entre muitos outros -- os organizadores denunciaram a falta de informação sobre o paradeiro de 443 participantes da missão humanitária.
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