A posição foi assumida pela dirigente bloquista Joana Mortágua numa conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa.
Joana Mortágua acusou o ministro da Defesa de autorizar a passagem de aeronaves e material de guerra "para ser utilizado no genocídio do povo palestiniano na base açoriana das Lajes, "à revelia do ministro dos Negócios Estrangeiros", por saber que Paulo Rangel "não autorizaria a passagem de material militar dirigido a Israel".
"O ministro dos Negócios Estrangeiros não autorizaria a passagem de material militar dirigido a Israel porque há um embargo militar a Israel e porque sabia que a passagem de material militar dirigido a Israel dirigido ao genocídio dos palestinianos pode ser considerado um crime internacional e uma violação do direito português e internacional", acrescentou.
A bloquista considerou que Portugal "não pode ter um ministro da Defesa cuja lealdade e obediência é ao Governo de Israel e não ao Governo português" e, por isso, Nuno Melo "não tem condições para continuar no Governo".
Joana Mortágua sublinhou as diferenças das intervenções públicas de Nuno Melo em relação aos restantes ministros do Governo português, afirmando que "bastava ver como se pronunciou em relação à flotilha para saber que a Embaixada de Israel tem assento no Conselho de Ministros".
"Mas aquilo que está em causa agora é a possibilidade de, à revelia do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Portugal ser passível de ser acusado de cúmplice de genocídio por ter deixado passar material militar que vai dirigido a Israel para ser utilizado no genocídio do povo palestiniano", enfatizou.
Três aeronaves norte-americanas fizeram uma escala na base açoriana das Lajes com destino a Israel, sem comunicação prévia ao Governo português, uma "falha de procedimento", anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), que quer apurar responsabilidades.
Em comunicado, o MNE realça que "a escala e sobrevoo de três aeronaves americanas para entrega a Israel", ocorrida em 22 de abril, não significa que "tenha sido estritamente violado o compromisso assumido pelo Ministério ou pelo Governo nesta matéria", referindo-se ao embargo à venda de armas e passagem pelo território nacional de material militar para Israel, determinado pelo executivo de Luís Montenegro.
A nota refere que esta operação teve "comunicação e autorização tácita (isto é, por decurso do prazo respetivo)" e a comunicação tinha já parecer favorável da AAN (Autoridade Aeronáutica Nacional), que depende do Ministério da Defesa Nacional, tutelado por Nuno Melo.
[Notícia atualizada às 13h56]
Leia Também: PS quer ouvir Rangel e Melo sobre aviões com destino a Israel nas Lajes