"Um dos maiores males da política em Portugal é quererem andar sempre a mudar as coisas radicalmente, em vez de se fazer uma análise e a seguir melhorar o que existe.
Agora querem mudar a lei eleitoral autárquica, há uma Associação Nacional de Assembleias Municipais que reivindica a alteração da lei.
Portugal no seu melhor, há associações para tudo e mais alguma coisa. Eu sugiro uma associação para deputados, outra associação para deputados municipais, e mais outra, associação para deputados de freguesia. E, já agora, uma associação de membros do governo, e porque não, uma associação de ex-qualquer coisa. Enfim!
Um país em que todos querem ser presidentes de qualquer coisa para se sentirem importantes, deitarem faladura e darem umas opiniões infundadas.
O problema numa câmara é que os vereadores da oposição não estão a tempo inteiro nem a meio tempo e só recebem senhas de presença, isso não lhes permite viver, deste modo, têm de ter um emprego noutro local. Recordo-me de Francisco Assis ter concorrido à CM Porto, perdeu, mas era deputado europeu.
É humanamente impossível fazer oposição à séria. Então o que é preciso mudar? É preciso pagar devidamente a quem faz oposição vulgo vereadores da oposição. No Parlamento, paga-se por igual a todos os deputados.
Se a formação do executivo municipal passar a ser feita pelos eleitos à assembleia municipal e sem vereadores da oposição, então é que a assembleia municipal deixa de controlar, exigir prestação de contas, isto é, deixa de haver verdadeira oposição. Só a aceitaria se pagassem devidamente aos deputados municipais, mas tal não acontece – recebe senhas de presença que são uma ridicularia.
Sou totalmente contra esta ideia sem nexo e sem base sólida. As eleições para a câmara municipal devem manter-se como estão e dar condições para os vereadores fazerem oposição no âmbito monetário e humano para exercerem as suas funções.
Um vereador da oposição sem pelouro limita-se a receber em cada reunião senhas de presença, um montante ínfimo para exercer as suas funções. Não dá para uma refeição decente."
Leia Também: Devia haver "um limite de propaganda antes e depois das eleições"