"O IHRU é uma entidade pública que foi descapitalizada ao longo dos anos, tanto em meios humanos como em meios financeiros, exatamente até com este propósito de poder deixar de dar resposta às questões de habitação", declarou hoje à Lusa Diana Ferreira, que ainda assim criticou a atuação da entidade pública promotora da política nacional de habitação.
Para a ex-deputada à Assembleia da República, "a dimensão do problema da habitação na cidade do Porto não é solúvel só pelas mãos da câmara, de todo" e, por isso, pede mais responsabilidade do Estado.
"O Governo tem a responsabilidade de direcionar, de um ponto de vista até orçamental, fundos para a garantia da construção da habitação. Em todo o país, e naturalmente também para a cidade do Porto, tem essa responsabilidade de um ponto de vista político. Naturalmente que há fundos comunitários, que devem ser utilizados", defendeu.
Numa caminhada na freguesia de Campanhã pelos bairros de São Vicente de Paulo, Monte da Bela e Falcão, a candidata da CDU exigiu "mais habitação pública num regime de renda apoiada" para responder "desde logo" às três mil famílias portuenses que estão identificadas na Carta Municipal de Habitação como estando em situação de emergência, e também habitação pública "com rendas efetivamente acessíveis".
Nos terrenos do Monte da Bela, para onde a autarquia lançou um concurso público para a construção de habitação que ficou vazio, Diana Ferreira disse ser uma prova de como "a questão da parceria público-privada não é de todo uma solução para garantir mais habitação pública".
Naquele espaço, entre 2005 e 2008 durante o segundo mandato de Rui Rio, foi demolida uma parte das casas do Bairro São Vicente de Paulo e Diana Ferreira acredita que se deve voltar a construir aí habitação pública e que os moradores "que foram expulsos e distribuídos por diferentes bairros" têm o "direito de voltar".
"Defendemos o mesmo, por exemplo, para a zona do Aleixo, em que os moradores também foram expulsos daquela zona e em que não sendo uma solução tão fácil, entendemos também que aí deve ser garantida a habitação pública e que os antigos moradores devem também poder regressar", acrescentou.
Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU - coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro - coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto - independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
As eleições autárquicas realizam-se a 12 de outubro.
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