Em declarações aos jornalistas antes de um comício na Praça da Corujeira, no Porto, Paulo Raimundo considerou que, apesar de o texto da lei dos estrangeiros ter mudado, "há uma porta aberta que se mantém sempre" para quem tem "muito dinheiro".
"Eu diria que, até utilizando as palavras de outro protagonista [André Ventura], a bandalheira mantém-se porque, para aqueles que têm muito dinheiro, para esses a porta continua aberta", afirmou.
Paulo Raimundo considerou que a nova lei dos estrangeiros, hoje aprovada na Assembleia da República, não contém "nenhuma alteração" nem cria "nenhum problema" para quem chega a cidades como o Porto e consegue "comprar prédios inteiro para pôr na especulação imobiliária".
"Continuam a poder vir para cá e, portanto, é assim que estamos: a bandalheira mantém-se", reiterou, considerando que, com o novo texto hoje aprovado, "há uma lei para uns e há uma lei para os outros".
"Aqueles que têm dinheiro podem vir à vontade, comprar as casas todas, os prédios todos, podem vir fazer a especulação que quiserem. Os que vêm à procura de uma vida melhor, como os nossos vão lá para fora à procura de uma vida melhor, esses têm os direitos restringidos", criticou.
Questionado se vai pedir ao Presidente da República para enviar o diploma hoje aprovado na Assembleia da República para o Tribunal Constitucional, à semelhança do que fez na anterior versão da lei, Paulo Raimundo respondeu: "Não vou pedir nada".
"O senhor Presidente da República tem os elementos que tem, considerou na altura, em função dos dados que tinha, mandar para o Tribunal Constitucional. O senhor Presidente avaliará. Mas é como lhe digo: aqueles que vêm acentuar ainda mais a especulação da habitação são exatamente os mesmos", referiu.
A Assembleia da República aprovou hoje a nova versão da lei de estrangeiros com os votos favoráveis do PSD, CDS-PP, Chega, IL e JPP, e votos contra do PS, Livre, PCP, BE e PAN.
A nova versão do decreto que aprova o regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional, que tinha sido chumbado pelo Tribunal Constitucional em agosto passado, foi aprovada em votação final global depois de votadas, na especialidade, todas as alterações propostas pelos partidos.
Na votação na especialidade, foram aprovadas todas as alterações propostas pela coligação que apoia o Governo (PSD e CDS-PP), à exceção das que foram retiradas, bem como uma proposta do PS e três do Chega.
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