O líder parlamentar do PSD reconheceu esta segunda-feira que não teve o comportamento mais correto na Assembleia da República, no momento que acabou por gerar uma queixa por parte do Chega.
“Se me perguntar se me orgulho do momento, claro que não me orgulho”, começou por dizer Hugo Soares em entrevista à SIC Notícias.
“Reconheço que exagerei, reconheço que poderia ter tido outro comportamento, reconheço que muitas vezes a paciência se esgota, que eu era incapaz de mentir… Reconheço que eu era incapaz de mentir ou falsear qualquer tipo de vídeo para prejudicar um adversário político. Foi isso que quiseram fazer comigo”, afirmou o social-democrata, referindo-se a um vídeo do momento, partilhado por André Ventura nas redes sociais.
As imagens do líder do Chega aparecem legendadas com a versão do partido do acontecimento, dizendo que Hugo Soares ameaçou “dar porrada” ao deputado Pedro Frazão em pleno plenário.
Ora, esta segunda-feira, a Comissão Parlamentar da Transparência indeferiu a queixa que resultou deste momento, declarando que Hugo Soares disse “dou-te a minha morada” e não “dou-te porrada”.
Ao longo deste mesmo dia, o líder parlamentar dos sociais-democratas instou o presidente do Chega a pedir desculpa pelo vídeo e a retirar as imagens das redes sociais - algo que, na realidade, não está à espera que aconteça, como admitiu nesta entrevista.
Hugo Soares realçou ainda que o momento foi fruto da “crispação” que se vive no Parlamento, e acrescentou ainda que “há, de facto, dois ou três deputados do Chega que são absolutamente irascíveis do ponto de vista comportamental”, não permitindo que outros deputados usem a palavra, interrompendo e fazem ainda à partes de “descortesia, mal educados e até insultuosos”.
Chega "extremista" e PS a "negar problema" na imigração
Já na área da imigração, e a propósito da discussão na terça-feira sobre a nova lei de Estrangeiros na Assembleia da República, o líder parlamentar do PSD garantiu que “sem dúvida nenhuma” que o PS e o Chega foram contactados da mesma forma nas negociações sobre este tema.
“Perante o que está em causa hoje o meu receio é que Portugal possa não ter esta lei por duas razões opostas” que se prendem exatamente com as duas maiores forças políticas em Portugal, para além do PSD.
“Uma porque o Chega tem uma posição demasiado extremista nesta matéria, como todos sabemos”, começa por elencar o social-democrata, referindo-se à exigência do Chega de que só imigrantes com cinco anos de descontos é que podem usufruir de apoios sociais.
“Um imigrante que chega a Portugal, trabalha dois anos ou um ano, ou que trabalha o tempo necessário para ganhar o direito ao subsídio de desemprego - porque por uma fatalidade perde o emprego - não pode ter direito ao subsídio de desemprego apenas porque nasceu em Angola ou Cabo Verde e não nasceu em Portugal?”, questionou Hugo Soares.
“Para lá de inconstitucional é algo que não é dos pontos de vista dos princípios da social-democracia algo que nós aceitemos”, afirmou.
“Já o Partido Socialista aparentemente parece-me continuar a querer negar que há um problema”, notou o líder parlamentar do PSD. “Aparentemente, quer negar a realidade, não assumindo a responsabilidade que tem nesta matéria de que há um problema com a imigração em Portugal”, rematou.
Para além de tudo isto, Hugo Soares disse estar “absolutamente convencido” de que o país “precisa de uma lei de estrangeiros que regule efetivamente a imigração”.
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