O presidente do Chega, André Ventura, respondeu, esta segunda-feira, ao líder parlamentar do Partido Social Democrata (PSD), Hugo Soares, que acusou o Chega de ter "candidatos 'fake'".
"Gostava de ver o primeiro-ministro na campanha e não um lacaio qualquer, sinceramente, a fazer de primeiro-ministro", afirmou Ventura, em Alenquer, no distrito de Lisboa, quando questionado sobre as considerações do social-democrata, feitas no domingo.
Em declarações aos jornalistas no arranque da campanha para as autárquicas, Ventura reforçou: "[Hugo Soares] Não é o primeiro-ministro. Eu tenho de responder ao líder do PSD. O líder do PSD não está na campanha, não sei onde ele está também, mas aguardarei por isso".
O presidente do Chega considerou que a crítica se deveu aos sociais-democratas terem sido "ultrapassados nas candidaturas autárquicas" e por "um partido com seis anos de existência conseguir ter mais candidaturas do que um partido com 50", ainda que tenha reconhecido que foi "um desafio grande".
"Portanto, percebo que diga que são 'fakes'", afirmou, referindo que o ministro Miguel Pinto Luz foi cabeça de lista em Faro nas legislativas de 2024, quando "é de Lisboa/Cascais". No entanto, o antigo vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais nunca foi candidato autárquico no Algarve.
"Ao menos tenham um bocadinho de vergonha na cara naquilo que dizem, é só isso que eu peço. Quando o PSD tiver essa vergonha, eu responderei ao PSD", afirmou.
"Percebo que esteja preocupado com as vitórias que o Chega vai ter nas Autárquicas e esteja preocupado com o que o PSD vai perder, fruto da péssima gestão que fez", considerou.
O líder do partido lembrou que ainda ontem "o país ficou a conhecer um vídeo claro em que o secretário-geral do PSD ameaça deputados do Chega, a ouvir-se, no Parlamento, com voz própria: 'Vou-te dar porrada'. São estas as palavras".
As críticas e a polémica com Filipe Melo: "Situação real"
Na declaração aos jornalistas, o líder do partido lembrou que ainda ontem "o país ficou a conhecer um vídeo claro em que o secretário-geral do PSD ameaça deputados do Chega, a ouvir-se, no Parlamento, com voz própria: 'Vou-te dar porrada'. São estas as palavras".
Ventura apontou ainda o dedo aos jornalistas por "abrirem e fecharem" telejornais com a polémica que envolve o vice-secretário Filipe Melo (do Chega) e a socialista Isabel Moreira, mas, por outro lado, "tentarem esconder" as ameaças de Hugo Soares.
"Não é justo para o país, mas é não é justo, sobretudo, para a democracia, que num caso em que há violência à vista, evidente, notória, os senhores tentem esconder isto. Não podem dizer que não viram. Já está em todas as redes sociais. Divulgados nós mesmos", apontou.
Note-se que, já na semana passada a imprensa nacional publicava a notícia da queixa feita pelo deputado Pedro Frazão à Comissão de Transparência e Estatuto dos Deputados de ter sido ameaçado na semana passada.
Quero perguntar ao Presidente do Parlamento se também vai abrir um inquérito a isto? Ou se os deputados do PSD podem fazer o que quiserem e ameaçar os outros de pancada livremente... pic.twitter.com/OL46vjys6u
— André Ventura (@AndreCVentura) September 28, 2025
Note-se ainda que as câmaras da Assembleia da República que captaram e emitiram publicamente o momento em que Hugo Soares falam, foram as mesmas que captaram o envio de "beijos" por parte do deputado do Chega à socialista Isabel Moreira, situação que, segundo Ventura, "abriu e fechou jornais".
E se Ventura falava hoje em "injustiça" para a democracia, já no domingo a socialista Isabel Moreira falava em como o que aconteceu não tinha a ver consigo, mas sim com a democracia também. "Antes de haver Chega, o Parlamento era outro [...]. O que está em causa é atentado à democracia, um ódio e programa de extrema-direita [...] contra as mulheres, imigrantes, pessoas racializadas", afirmou. Também foi apresentada queixa devido ao gesto de Filipe Melo, entretanto, considerado "inaceitável" já pelo presidente da Assembleia da República, José Pedro-Aguiar-Branco.
Quanto à situação que envolve a socialista, Ventura ainda disse: "Há uns dias, houve uma situação que ainda não sabemos os seus contornos, e foi divulgada. E bem divulgada. Agora, uma situação de ameaça real, evidente e com palavras, as televisões, jornais e rádios, estão a tentar esconder a situação. Na democracia não há filhos e enteados. na democracia, as coisas são o que são e devem ser discutidas como são".
[Notícia atualizada às 14h49]
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