O debate desta quinta-feira na Assembleia da República, sobre os incêndios, ficou marcado por vários momentos invulgares, mas ambos com a mesma protagonista: Isabel Moreira.
Durante os trabalhos no Parlamento, a deputada do PS começou por denunciar gestos que lhe estavam ser dirigidos pelo vice-secretário da Assembleia da República, Filipe Melo, do Chega.
Mais tarde, abandonaria o Parlamento numa altura em que André Ventura discursava e, no regresso, usava da palavra para anunciar que estava um telemóvel esquecido na casa-de-banho.
Se no primeiro momento, a queixa de Isabel Moreira foi sustentada por colegas do Livre e do PS, esta última intervenção valeu-lhe uma chamada de atenção.
Isabel Moreira queixa-se que Filipe Melo lhe "enviou beijos"
O primeiro momento inesperado do plenário aconteceu quando a deputada do PS se queixou de que o vice-secretário da Assembleia da República, Filipe Melo, do Chega, lhe "enviou beijos".
"Senhor presidente, o vice-secretário que está à sua esquerda [Filipe Melo] está a fazer gestos com a boca enviando-me beijos e a fazer assim com o dedo no nariz, a fazer 'xiu', como quem diz, não conte, não conte", afirmou a deputada, que salientou: "Há limites, senhor presidente, há mesmo limites".
A Isabel Moreira, além de descompensada, mostra total falta de nível. Ocupa um lugar no parlamento, paga com os nossos impostos, finge trabalhar, ignora os interesses dos cidadãos, transformando a política num circo.
— Cláudia Teixeira (@claudiaaict) September 25, 2025
Que ridícula!
🤡 pic.twitter.com/Wk0hMUs5Mq
A acusação de Isabel Moreira foi confirmada por Jorge Pinto, do Livre, que afirmou que os gestos do deputado e vice-secretário da Mesa da Assembleia da República "verificaram-se hoje, verificaram-se ontem [quarta-feira], e é um desrespeito absoluto pelo funcionamento desta casa".
O deputado Pedro Delgado Alves, também do PS, referiu-se ao "comportamento inadequado, inaceitável de um dos membros [do Parlamento], que põe em causa a imparcialidade na condução dos trabalhos".
Aguiar Branco registou queixou
O presidente da Assembleia da República disse não ter visto este comportamento e que a comissão de Transparência e Estatuto dos Deputados "há de ter que se pronunciar".
"Registo e farei o devido envio para a comissão", indicou, acrescentando que a análise será feita "em devido tempo e no devido local".
Isabel ausenta-se e Chega ataca
Momentos após a sua denúncia, Isabel Moreira voltaria a ser protagonista da ordem de trabalhos.
Numa altura em que o líder do Chega, André Ventura, discursava no Parlamento, a deputada socialista decidiu levantar-se a abandonar a sala. O momento aconteceu quando Ventura afirmava que "incendiário é terrorista" e deve estar preso, "se possível para sempre". O momento não passou despercebido ao deputado do Chega, que acusou a socialista "de cobardia".
"Saírem da sala é sinal da cobardia pessoal e política que se tem quando alguém os confronta com a verdade", atirou.
Note-se que momentos antes, e enquanto discursava sobre o assunto, Isabel Moreira dirigira parte das suas palavras ao Chega a quem acusou de usar "a tragédia dos incêndios" para espalhar mentiras.
Do absurdo penal do doutorado A vent*ra. Mais respeito pelas vítimas de fogos. pic.twitter.com/1ZGIWtSr7Y
— Isabel Moreira (@IsabelLMMoreira) September 25, 2025
Isabel volta, com aviso que lhe vale repreensão
Já após este incidente, e de regresso ao Parlamento, no final do período de votações, a deputada socialista pediu a palavra para deixar aos deputados "uma informação que pode ser útil".
"Na minha saída rápida há pouco pude verificar que alguma senhora deputada eventualmente esqueceu-se de um telemóvel na casa de banho", afirmou Isabel Moreira.
Perante a repreensão da mesa da Assembleia da República, a senhora deputada Isabel Moreira só tinha uma saída, dizer que "estava sob efeito de drogas..... lícitas".
— dono da c🅾️🅾️perativa ™ (@donocooperativa) September 26, 2025
Vergonha alheia 🥸 pic.twitter.com/1FjpC31XEU
A sua intervenção valeu-lhe uma repreenda de Marcos Perestrello, o vice-presidente e deputado do PS, que conduzia os trabalhos naquela altura.
"Penso que a sua intervenção, desculpe que lhe diga, foi muito despropositada. Considero despropositada, inútil e uma falta de respeito à câmara", disse Marcos Perestrello.
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