"Porque é que haveria de ficar incomodado com alguém que votaria em mim?"

O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho assegurou, este sábado, não sentir qualquer incómodo face às declarações do presidente do Chega, André Ventura, que assumiu que preferia que o ex-líder do Partido Social Democrata (PSD) fosse candidato à eleições presidenciais de 2026, durante o anúncio da sua entrada na corrida a Belém, na terça-feira.

"Porque é que haveria de ficar incomodado com alguém que diz que votaria em mim, que me apoiaria, se eu me candidatasse? Não estou a ver porque é que haveria de ficar incomodado", apontou Pedro Passos Coelho, em declarações à imprensa.

E reforçou: "Não sou [candidato], é sabido que não serei; sabe-se disso há muito tempo."

Passos Coelho escusou-se ainda a responder se foi alvo de alguma tentativa de contacto por parte de Ventura, e distanciou-se da campanha eleitoral.

"Não tenho nada que ver com os contextos em que as eleições presidenciais estão a decorrer, sou alheio a isso", disse.

Recorde-se que o líder do Chega anunciou, na terça-feira, que será candidato a Belém, por entender que o partido tem "de ter voz" no sufrágio.

"Tinha preferido que Pedro Passos Coelho fosse candidato a Presidente da República. […] Estas eleições presidenciais não seriam o meu desejo, mas são a melhor forma de liderar a oposição em Portugal", confessou, em conferência de imprensa, na sede do partido, em Lisboa.

No início do ano, o líder do Chega tinha dado conta da sua intenção de voltar a candidatar-se à Presidência da República. No entanto, aparentou ter abandonado essa pretensão após as eleições legislativas antecipadas, que elevaram o partido à segunda maior força no Parlamento.

Ainda assim, no discurso de abertura de uma reunião do Conselho Nacional, convocada para discutir as eleições presidenciais, o líder da extrema-direita portuguesa voltou a assumir estar disponível para entrar na corrida.

André Ventura foi candidato a Presidente da República em 2021, ano em que Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito para o segundo mandato em Belém. Nessas eleições, arrecadou 11,90% dos votos, tendo ficado em terceiro lugar, atrás de Ana Gomes.

Note-se que, além de André Ventura, já entraram na corrida a Belém Henrique Gouveia e Melo, o ex-líder do PSD Luís Marques Mendes, o ex-líder do Partido Socialista (PS) António José Seguro, o ex-deputado do Partido Comunista Português (PCP) António Filipe, a ex-líder do Bloco de Esquerda (BE) Catarina Martins, e o ex-líder da Iniciativa Liberal (IL) João Cotrim de Figueiredo.

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