Durante um debate na sede da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), organizado também pela Ordem dos Arquitetos, Catarina Silva Marques, 'número dois' da candidatura do Volt (liderada por Guilherme Alexandre Jorge), apontou que não pretende "inventar a roda", querendo seguir o exemplo de Barcelona ao "limitar e taxar o alojamento local" mas sem perdas na atividade turística, disse.
O independente Filipe Araújo, atual vice-presidente da autarquia, observou que a pré-campanha eleitoral está a ser marcada por "uma série de promessas baseadas na taxa turística", alertando que ão pegar no seu valor "para financiar despesa corrente, o Porto vai deixar de ter contas certas" e ficar "de mão estendida em relação a Lisboa".
Francisco Calheiros, candidato à Assembleia Municipal pela CDU (que candidata Diana Ferreira à Câmara), apontou que "o regulamento do alojamento local permite chegar aos 20 mil", número idêntico ao de devolutos (15% do total do parque cada um), considerando que tal "cria uma pressão demasiado naquilo que é a habitação existente".
Já Eduarda Vieira, candidata à Assembleia Municipal pelo ADN (em que o candidato à Câmara, Frederico Duarte Carvalho, participou parcialmente no debate), vincou que hoje "o Porto está uma cidade invivível para o portuense, nomeadamente pelas questões do turismo", contra o qual o ADN afirma não ser, mas "tem é que ser regulado e sustentável".
Para Hélder Sousa, do Livre, o turismo deve ser olhado "do ponto de vista dos impactos que tem para todo o ecossistema urbano", apontando que "a quantidade de hotéis que está previsto construir na cidade é insustentável", não só por causa da habitação, mas também da "mobilidade, impermeabilização dos solos, gestão dos recursos, recolha dos lixos".
Manuel Pizarro (PS) disse que "é preciso acabar com o combate e a aparente dicotomia entre os portuenses e os turistas", pois o turismo "é uma atividade económica essencial para a cidade, foi essencial para promover a reabilitação urbana e qualquer combate contra o turismo conduzirá a uma catástrofe económica", mas admitiu que "precisa de regulação".
Já Miguel Corte-Real (Chega) não se referiu ao turismo no segmento em que os restantes candidatos o fizeram, apontando à questão do alojamento estudantil e defendendo a aposta em Campanhã, pois a zona "tem boas infraestruturas: metro, um terminal intermodal, autocarros, comboio".
Quanto a Nuno Cardoso (Porto Primeiro-Nuno Cardoso), disse que "os turistas são bem-vindos mas o Porto é dos portuenses" e é para eles que é necessário trabalhar.
Pedro Duarte (PSD/CDS-PP/IL) defendeu que a cidade "tem de encontrar um modelo de desenvolvimento económico que não esteja só associado ao turismo", atividade que "é muito importante", mas considerou "muito negativo" que o Porto esteja dependente dela.
Já Sérgio Aires (BE) lembrou que em 2021 a sua candidatura foi "bastante maltratada" por dizer que "a cidade sofria um processo massificado de gentrificação", apontando que "a quase monocultura económica do turismo trouxe muita coisa boa mas muita coisa má também", rejeitando "a selvajaria" no alojamento local nas mãos de "dois ou três proprietários".
A candidata do PTP, Maria Amélia Costa, não marcou presença, tal como Luís Tinoco Azevedo (Partido Liberal Social).
Concorrem à Câmara Municipal do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU - coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro-Nuno Cardoso), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
As eleições autárquicas estão marcadas para 12 de outubro.
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